PUBLICIDADE

Mais de cem países assinam declaração anti-xenofobia da ONU

Texto encontra consenso; países islâmicos reconhecem Holocausto em documento que pede fim da intolerância

Por da Redação e com agências internacionais
Atualização:

Mais de cem países aprovaram nesta terça-feira, 21, uma declaração da ONU que pede o combate mundial à intolerância e à xenofobia. A versão final do texto da Conferência Mundial sobre o Racismo foi adotado por consenso após dias de negociações. A aprovação ocorreu depois que os países islâmicos cederam em suas exigências e concordaram com um parágrafo que reconhece a necessidade do Holocausto judeu não ser esquecido, enquanto a rejeição a islamofobia (sentimento de ódio ao islã) foi incluída no documento. Nove países boicotam a conferência desde o início, entre eles Estados Unidos, Israel e quatro da União Europeia (Polônia, Alemanha, Holanda e Itália), alegando que o encontro podia se transformar em um fórum antissemita, como, segundo eles, aconteceu no primeiro fórum, em 2001.

 

Veja também:

linkLeia na íntegra o rascunho do texto aprovado (em inglês)

linkPaís condena Irã a duas semanas da visita de Ahmadinejad

linkFrança condena discurso iraniano, mas defende reunião da ONU

linkAhmadinejad critica 'governo racista' de Israel

linkIsrael convoca embaixador em Genebra

Publicidade

linkDiscurso de Ahmadinejad esvazia conferência

 

A rápida aprovação do documento, que foi negociado durante meses em conversas prévias em Genebra, pode ajudar a salvar a conferência, que vai até sexta-feira, após a má repercussão gerada pelos comentários do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que em seu discurso acusou Israel de ter um "governo racista". A passagem do texto pode fazer trazer o foco às questões de pobreza e discriminação, objetivos do encontro.

 

Durante o dia, os participantes deram a impressão de que não haveria problemas para que se chegasse a um consenso, já que os diferentes grupos, especialmente os árabes, foram flexibilizando suas posições. O texto inicial da declaração continha uma linguagem que muitas delegações questionaram. Desde então, foi revisado diversas vezes e se retiraram menções a países e a conflitos específicos (Israel e a questão palestina), assim como as referências à "difamação de religiões", que defendiam os países muçulmanos.

 

PUBLICIDADE

A Casa Branca declarou que reconhece os esforços de consenso realizados até hoje, mas que ainda há aspectos com os quais diverge, e que não pode apoiar restrições à liberdade de expressão que poderiam resultar da interpretação de algumas passagens do texto relativas à "incitação" ao ódio religioso. Desta vez, os palestinos aceitaram que sua causa não fosse citada e a única menção fosse a condenação de "ocupação estrangeira."

 

Na segunda-feira, secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, "lamentou profundamente" o boicote de nove países à conferência sobre o racismo, e o fato de que tenham prevalecido as posições políticas, acima da unidade na luta contra a discriminação. "Lamento profundamente que muitos (países) tenham decidido se manter fora (do processo)", afirmou o secretário-geral, acrescentando: "estou profundamente decepcionado."

 

"O documento é muito equilibrado e estabelece um marco concreto de ação em uma campanha global na busca da justiça para as vítimas do racismo no mundo", avaliou Ban. A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, agradeceu na segunda-feira a "flexibilidade" mostrada pelos palestinos e pelos países da Organização da Conferência Islâmica "em assuntos cruciais para eles". "Invoquei repetidamente a plena participação dos Estados-membros da ONU e lhes pedi que não percam de vista que o objetivo da conferência é conseguir sociedades livres de discriminação.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.