Ministro alemão renuncia por bombardeio no Afeganistão

Ataque a caminhões-pipa em Kunduz em setembro deixou 142 mortos, sendo a maioria civis

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Por Agência Estado , Associated Press e Efe
Atualização:

O ministro do Trabalho alemão, Franz Josef Jung, renunciou ao cargo nesta sexta-feira, 27, por conta da forma como ele lidou com informações sobre um ataque aéreo no Afeganistão que matou 142 pessoas, sendo a maioria civis, quando ainda era ministro da Defesa.

 

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Jung disse que estava assumindo "responsabilidade política pela política interna de informação" do ministério. Ele admitiu que teve acesso a um relatório confidencial da polícia militar da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) confirmando mortes de civis no ataque aéreo. Segundo Jung, porém, ele não havia lido o conteúdo do documento.

 

Após o ataque aéreo em setembro, ele negou publicamente que sabia sobre as mortes de civis. O ataque ocorreu três semanas antes das eleições gerais na Alemanha, em meio a um acalorado debate sobre a missão do país no Afeganistão, cada vez mais impopular.

 

O escândalo foi à tona por causa de um relatório e um vídeo publicados na quinta-feira pelo jornal Bild, que revelam que o Ministério da Defesa sabia desde o princípio que o bombardeio sobre dois caminhões-pipa ocorrido no início de setembro, nas cercanias de Kunduz, deixou vítimas civis.

 

Na quinta-feira, Jung reconheceu que enviou à Otan, sem ler ou entregar uma cópia ao parlamento, um relatório das tropas do país no Afeganistão redigido imediatamente depois do ataque.

 

No entanto, seu sucessor na pasta, Karl-Theodor zu Guttenberg, que assumiu o cargo em outubro - quando Jung foi para o Ministério do Trabalho -, anunciou que há pelo menos outros nove relatórios que sobre os quais ele só foi informado há dois dias. Cinco destes documentos, segundo o ministro, fazem alusões a civis mortos pelos ataques.

 

Estas novas informações, apresentadas por Guttenberg perante a comissão parlamentar de Defesa do parlamento, foram possivelmente o fator que levou à queda de Jung.

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A renúncia de Jung é um embaraço para a coalizão de centro-direita da chanceler Angela Merkel, que assumiu seu segundo mandato há quatro semanas. Jung tinha um posto crucial na equipe, monitorando metade do orçamento do governo.

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