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Mistério de navio desaparecido aumenta; piratas são suspeitos

Caso de pirataria em águas europeias espanta especialistas e mobiliza até a Marinha russa

Por Reuters
Atualização:

 

MOSCOU - Piratas provavelmente sequestraram um navio mercante que desapareceu após navegar pelo Canal da Mancha no mês passado, afirmaram os operadores da embarcação. O Kremlin ordenou que navios de guerra da Rússia se juntassem às buscas pelo navio de 4 mil toneladas, 98 metros de comprimento, chamado Arctic Sea, cujo misterioso desaparecimento preocupa as autoridades marítimas da Europa e do norte da África.

 

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A embarcação registrada na ilha de Malta, que levava uma carga de madeira avaliada em 1,3 milhão de dólares, deveria atracar no dia 4 de agosto no porto de Bejaia, na Argélia. O navio nunca chegou, aumentando temores de uma caso raro de pirataria nos mares do norte da Europa. "Na minha opinião, o mais provável é que o navio tenha sido sequestrado", disse na quarta-feira à Reuters Viktor Matveyev, diretor da empresa finlandesa Solchart, que opera o navio. "Não está claro onde a embarcação está agora."

 

Uma onde de pirataria na costa Somália tem atingido as embarcações, e uma força naval internacional patrulha a região em um esforço para proteger navios mercantes. Mas um sequestro nas águas europeias seria sem precedentes nos tempos atuais. "Se for pirataria, e o mais provável de tudo é que parece ser, então, é um dos primeiros casos na história recente da pirataria nestes mares", disse Matveyev.

 

Preocupações sobre a segurança dos 15 tripulantes russos aumentaram após a autoridade marítima de Malta ter dito que recebeu informações de que o navio tenha a bordo homens armados com máscaras tidos como policiais antidrogas em águas suecas em 24 de julho. Segundo autoridades de Malta, membros da tripulação foram atacados, amarrados, amordaçados e encobertos, e alguns foram gravemente feridos. "Nós não temos detalhes sobre a tripulação, apesar de, é claro, esperarmos que tudo corra bem com eles", disse Matveyev. "Nós esperamos muito que a tripulação esteja bem e saudável."

 

O último contato por rádio com o Arctic Sea foi em 28 de julho do Estreito de Dover, entre a Grã-Bretanha e a França. Logo após, um sinal eletrônico mostrando sua localização foi desligado. O jornal marítimo russo Sovfracht informou nesta quinta-feira que um navio parecido com o Arctic Sea desembarcou no porto de San Sebastian, na Espanha, mas a cidade, um lugar muito frequentado da orla marítima, tem apenas uma marina para pequenas embarcações de lazer, não comerciais. A autoridade do porto para fins comerciais, Pasajes, disse que nenhum navio daquele tipo desembarcou.

 

O serviço de inteligência doméstica da Rússia, o FSB, está ajudando a investigar o mistério e seus agentes estão no escritório de Solchart Arkhangelsk, que é tido como o dono do navio, informou a mídia russa.Parentes da tripulação apelaram ao primeiro-ministro Vladimir Putin em uma carta aberta e exigiram uma investigação criminal pelo desaparecimento da embarcação, informou a mídia da Rússia.

 

Especialistas acreditam que, se confirmado o sequestro, o objetivo dos piratas tenha sido o de testar o nível de segurança nas águas europeias ou de usar o Arctic Sea como um "navio fantasma", ou seja, alterar seus registros para que ele seja usado, por exemplo, no tráfico de drogas.

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