Nacionalistas podem ter realizado atentado contra trem russo

Investigadores não descartaram possibilidade de ligação com separatistas da Chechênia ou crime organizado

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Por CHRISTIAN LOWE
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Um importante promotor da Rússia afirmou que nacionalistas radicais são os principais suspeitos pelo atentado a bomba que descarrilou um trem da rota Moscou-São Petersburgo no dia 13 de agosto, disse nesta quinta-feira, 23, a agência de notícias Interfax. "A mais promissora (linha de investigação) considera que o ataque terrorista foi realizado por grupos de jovens nacionalistas de Moscou ou de São Petersburgo", afirmou o primeiro vice-procurador-geral do país, Alexander Bastrykin, em uma entrevista a ser publicada na sexta-feira pela Rossiisskaya Gazeta. Segundo a Interfax, Bastrykin disse que os investigadores não haviam, porém, descartado a possibilidade de o ataque ter ligação com insurgentes da região separatista da Chechênia ou com o crime organizado. Bastrykin afirmou que "várias pessoas" haviam sido detidas como parte das investigações, entre as quais um checheno. Mas não quis entrar em maiores detalhes, disse a agência de notícias RIA, citando também a entrevista ao jornal. Uma bomba plantada nos trilhos de uma das rotas mais movimentadas da Rússia explodiu no momento em que o trem passava pelo local. Vagões capotaram e dezenas de pessoas ficaram feridas. Ninguém, no entanto, morreu. Meios de comunicação russos já haviam colocado na boca de integrantes da polícia não identificados a informação de que nacionalistas eram os principais suspeitos. Mas, até agora, nenhum promotor havia vindo a público para dizer isso. Alexander Verkhovsky, diretor de uma organização de Moscou encarregada de monitorar as atividades de grupos de extrema direita, afirmou à Reuters no começo deste mês acreditar ser "bobagem" a tese de participação de nacionalistas no atentado a bomba. Alguns meios de comunicação russos aventaram a hipótese de o ataque ter sido uma tentativa de influenciar o resultado das próximas eleições presidenciais, quando os russos escolherão um substituto para o atual dirigente do país, Vladimir Putin. A Rússia conta com um grande número de partidos políticos e de movimentos de extrema direita. Há no país, ainda, uma proliferação de grupos ilegais com esse tipo de ideologia, a maior parte deles integrados por jovens que raspam a cabeça e exibem a insígnia nazista. Não há um ideário único a guiar essas organizações, mas entre seus pontos em comum estão lutar pela expulsão de todos os não-russos da Rússia, recuperar o poderio militar do país, restabelecer a monarquia e enfrentar as políticas econômicas liberais.

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