Novo tremor atinge a cidade italiana de Áquila neste sábado

Réplica de 3,3 graus é uma das mais de mil que já atingiram a região de Abruzzo deste a segunda-feira

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Por Agências internacionais
Atualização:

A terra voltou a tremer no começo da manhã deste sábado, 11, na região de Abruzzo, embora com uma intensidade menor que nos dias anteriores, permitindo que moradores de Áquila e outras cidades próximas passassem uma noite relativamente tranquila. O novo tremor foi registrado às 7h39 locais (2h39 de Brasília) e, segundo o Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia, foi de uma magnitude de 3,3 graus na escala aberta de Richter.

 

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Segundo a Defesa Civil, o epicentro foi localizado de novo entre as cidades de Áquila, Pizzoli e Fossa. O último abalo tinha acontecido às 21h07 locais de sexta-feira (16h07 de Brasília) com uma magnitude de 3,1 graus e epicentro entre Áquila, Pizzoli e Collimento. No mesmo dia foram registradas outras réplicas, com destaque para uma às 5h22 locais (0h22 de Brasília), de 3,7 graus de magnitude. Já foram registradas aproximadamente mil réplicas desde o terremoto de 5,8 graus na escala aberta de Richter da segunda-feira passada, que matou até o momento 293 pessoas. Segundo o especialista Thomas Brown, do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia, as réplicas podem durar vários meses.

 

Em meio aos tremores, os bombeiros resgataram os cadáveres de uma idosa e de uma mulher de cerca de 50 anos em meio aos escombros de uma casa do centro de Áquila, o que eleva o número provisório de vítimas para 293, informou a Defesa Civil. As vítimas moravam em um imóvel em frente à Casa do Estudante, residência estudantil que desabou, matando vários estudantes, e que se transformou em um dos símbolos do terremoto. Os bombeiros buscam entre as ruínas um rapaz de 17 anos, filho da mulher de aproximadamente 50 anos.

 

Com o passar das horas, a esperança de encontrar pessoas com vida sob os escombros diminui, levando em conta também as baixas temperaturas à noite na capital da região de Abruzzo. Devido ao terremoto, Áquila, segundo dados de satélite e de organismos especializados, deslocou-se 15 centímetros.

 

Sob decreto de luto nacional, uma multidão de cerca de 10 mil pessoas velou na sexta-feira em Coppito, vilarejo vizinho de Áquila, 205 vítimas do terremoto que devastou a região de Abruzzo, centro da Itália. Fotos e flores foram depositadas por parentes, amigos e desconhecidos sobre os caixões, divididos em duas cores para diferenciar a faixa etária das vítimas. Os marrons eram de adultos. Os brancos, cerca de 20, de crianças.

 

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Parentes e participantes da cerimônia beijavam e se agarravam aos caixões, enquanto o cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, conduzia as orações. "Sinto que meu coração renasceu, porque debaixo desses escombros há o desejo de reconstruir, de recomeçar, de fazer planos, de sonhar", disse o cardeal. Um imã também participou do velório em respeito às vítimas muçulmanas.

 

Entre as vítimas já identificadas, a mais idosa tinha quase 100 anos. A mais jovem, 6 meses. Evandro Testa, de 96 anos, morto no terremoto, nasceu em 1913. Antonio Loavan Ghiroceanu, a vítima mais nova, havia nascido em 11 de dezembro. Sobre o caixão do bebê foram depositadas flores e um pequeno macacão azul com o desenho de um passarinho. Entre a multidão do velório, Anna Difilice, que perdeu seu filho Fábio, de 20 anos, disse que não sabe o que fará agora. "Só sei que jamais abandonarei esta cidade. Nunca."

 

Visivelmente emocionado, o premiê italiano, Silvio Berlusconi, segundo homem mais rico do país, disse que ofereceria como abrigo aos desalojados as luxuosas casas de campo que integram seu patrimônio. "Farei tudo o que posso também. Ofereço minhas residências", afirmou o premiê. Berlusconi disse que há 40 mil desabrigados. Mas Agostino Miozzo, porta-voz da agência de defesa civil italiana, declarou que 31 mil pessoas perderam suas casas na tragédia, das quais 20 mil estão acampadas em tendas improvisadas em lugares onde a temperatura chega a 10°C. O restante, segundo Miozzo, foi instalado em hotéis nas cercanias de Áquila.

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No vilarejo de Onna, o tremor vitimou um oitavo da população local. Sobre a possibilidade de novos tremores, o funcionário da defesa civil Marco Volponi, que trabalha em um dos acampamentos de sobreviventes, admitiu que "o clima é de medo". Mas, oficialmente, especialistas em Roma descartam a possibilidade de novos terremotos com a mesma intensidade do tremor de segunda-feira.

 

O promotor-geral de Áquila, Alfredo Rossini, abrirá uma investigação sobre os materiais e métodos usados nas construções dos prédios da cidade. A investigação, segundo o diário La Repubblica, pretende responder por que alguns prédios ofereceram tão pouca resistência ao terremoto.

 

 

 

 

Passados cinco dias da tragédia, equipes de resgate ainda conduzem buscas em toda região de Abruzzo. Na sexta, a expectativa aumentou depois que bombeiros escutaram ruídos sob os escombros em Áquila. "Trouxemos cães farejadores e eles ficaram bastante agitados", contou um bombeiro. Ele alertou que o barulho pode ter sido feito por um animal. Até a noite, as buscas não haviam sido encerradas. Autoridades italianas garantiram que os trabalhos seguirão até a Páscoa.

 

Berlusconi afirmou que quatro cidadãos romenos foram presos por saquear lojas, mas garantiu que não foram registradas ondas de saque. Os detidos serão julgados em tendas improvisadas em Áquila.

 

Atualizada às 14h11

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