24 de agosto de 2010 | 12h25
ESTRASBURGO - O mais alto órgão defensor dos direitos humanos da Europa acusou a França nesta terça-feira, 24, de estigmatizar os ciganos ao culpá-los por crimes e expulsá-los do país.
A Comissão Europeia Contra o Racismo e a Intolerância avisou repetidamente a França sobre o racismo contra os ciganos e pediu ao país que respeitasse os direitos dessa minoria imigrante.
Em um relatório datado de junho, a comissão pede a Paris "que combata as atitudes racistas e a hostilidade praticadas pela maior parte da população em defesa da comunidade cigana". Em 2005, o órgão pediu aos franceses que assegurassem aos ciganos "direitos de saúde, habitação e educação".
O presidente Nicolas Sarkozy lançou no dia 28 de julho uma estratégia de combate à delinquência e à imigração ilegal. Na ocasião, anunciou o desmantelamento da metade dos acampamentos ilegais no país em um prazo de três meses.
Em referência à política do mandatário francês, a Comissão protestou contra as ações "abusivas e desrespeitosas com a legislação europeia". "As autoridades fizeram declarações políticas e as ações do governo estão estigmatizando os imigrantes ciganos".
No total, 15 mil pessoas da comunidade cigana vivem em acampamentos na França. Para Laurent El Ghozi, da entidade que reúne o grupo na Europa, Sarkozy não conseguirá expulsar os 700 que prometeu, mesmo que tenha destruído 51 acampamentos. Isso porque a viagem é voluntária e parte dos que viviam nos lugares destruídos simplesmente fugiu.
Os ciganos representam um grupo de entre 10 milhões e 12 milhões de pessoas na União Europeia. A primeira onda de migração teria ocorrido há mil anos na região onde hoje é a Romênia. A partir de 1450, os ciganos alcançaram cidades da Europa Ocidental.
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