15 de maio de 2011 | 16h01
O chefe do FMI, Dominique Strauss-Kahn, foi preso em Nova York depois que uma camareira alegou que ele havia corrido nu atrás dela no corredor do hotel, a atacou sexualmente e tentou trancá-la em um quarto de hotel.
A esposa de Strauss-Kahn, Anne Sinclair, disse que não acreditava nas acusações e que não tinha a menor dúvida que ele seria inocentado. O advogado de Strauss-Kahn disse que ele vai declarar que é inocente.
"É angustiante para a França. Temos dois homens valiosos, tanto profissional, quanto intelectualmente, (Jean-Claude) Trichet e ele. É uma pena arruinar uma carreira por causa de sexo", disse Odiel, uma pintora que mora perto da casa de Strauss, em Paris, no elegante 16o distrito.
Ex-ministro de Finanças e diretor administrativo do Fundo Monetário Internacional ao longo de toda a crise econômica global, Strauss-Kahn é uma das figuras de maior destaque da França, assim como o chefe do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet.
"Sua trajetória tem sido quase magnífica. Ele estava no topo das pesquisas. Ele era o único que poderia vencer o presidente Nicolas Sarkozy. Acho isso estranho", disse Eric Morel, de 65 anos, que também mora perto de Strauss-Kahn.
Strauss-Kahn, de 62 anos, tem grande apoio na elite política e empresarial da França, que acreditava que a sua carreira internacional de prestígio e imagem erudita trariam uma mudança saudável depois de Sarkozy, criticado por ser impulsivo e insolente demais.
Em vez disso, a prisão dele, descrita pela líder do Partido Socialista, Martine Aubry, como um "desastre", tira do caminho o principal rival de Sarkozy da corrida presidencial para as eleições de abril de 2012, e ameaça manchar a futura campanha eleitoral.
"Ele decididamente está fora das primárias e da corrida presidencial para o Partido Socialista", disse à Reuters TV Philippe Martinat, que publicou um livro no ano passado sobre a rivalidade entre Strauss-Kahn e Sarkozy.
A imponente Place des Vosges, onde os Strauss-Kahn também têm uma residência de luxo, estava em alvoroço desde o início da manhã, com a notícia do escândalo. Moradores e lojistas descreveram Strauss-Kahn como uma pessoa gentil e carismática, que frequenta os cafés da região sem seus seguranças.
"A pergunta é: será que foi uma armação?", disse o vizinho Bernard Thomas. "Estou chocado. Sempre vi o homem público, amigo, discreto e simpático na vizinhança. Isso é terrível para o Partido Socialista, isso muda as cartas."
A gravidade do suposto crime significa que a reputação de Strauss-Kahn não será poupada pelo hábito cultural da França de fazer vista grossa aos escândalos sexuais de seus políticos, como aconteceu em 2008, quando o próprio Strauss-Kahn saiu pedindo desculpas, mas ileso, de um escândalo sobre um caso com uma economista do FMI.
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