Parlamento da Sérvia pede desculpa por massacre de Srebrenica

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Por ADAM TANNER
Atualização:

O Parlamento da Sérvia se desculpou na quarta-feira (horário local) pelo massacre de milhares de bósnio-muçulmanos em Srebrenica, em 1995, mas o processo só destacou o quanto o país continua polarizado sobre o seu passado de guerra. A resolução expressa condolências às vítimas e pede desculpas por não ter feito o suficiente para impedir o massacre, mas não chegou a chamar os assassinatos de "genocídio". Para alguns parlamentares, a resolução não é justa por ignorar os crimes de guerra contra os sérvios. A coalizão governista pró-ocidental Democratas e Socialistas espera aderir à União Europeia e conquistar a atenção de investidores com a medida, que foi adotada depois de um debate de quase 13 horas transmitido ao vivo pela televisão até pouco depois da meia-noite de Belgrado. "Estamos tomando um passo civilizado de pessoas politicamente responsáveis, com base na convicção política, para o crime de guerra que aconteceu em Srebrenica" disse Branko Ruzic, cujo partido Socialista foi liderado por Slobodan Milosevic nos anos 1990. Forças servo-bósnias lideradas pelo general Ratko Mladic mataram cerca de oito mil homens e meninos bósnio-muçulmanos após tomar o enclave no leste da Bósnia que havia sido colocado sob proteção da Organização das Nações Unidas (ONU). O massacre é considerado a maior atrocidade da Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Um diplomata ocidental estacionado na Bósnia quando o massacre em Srebrenica aconteceu disse que a aprovação da resolução sem a prisão de Mladic, que está foragido, significava pouco. Belgrado apresentou sua candidatura à União Europeia em dezembro, mas deve capturar e enviar Mladic para o tribunal de crimes de guerra em Haia, na Holanda, antes de iniciar as negociações de adesão. Acredita-se que o ex-general, considerado como herói por muitos sérvios, esteja escondido na Sérvia. (Reportagem adicional de Miran Jelenek, em Sarajevo, e de Fedja Grulovic, em Belgrado)

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