Perspectiva de crescimento fraco na França pressiona Hollande

PUBLICIDADE

Atualização:

A elevação da produção industrial francesa em julho dificilmente será suficiente para impedir uma retração econômica do país no terceiro trimestre, num sinal dos desafios que o presidente François Hollande terá de enfrentar para cumprir sua promessa de retomar o crescimento e ao mesmo tempo cortar gastos públicos. O banco central francês divulgou nesta segunda-feira a estimativa de redução de 0,1 por cento no PIB no terceiro trimestre, confirmando a avaliação anterior. Segunda maior economia da zona do euro, a França já acumula três trimestres consecutivos de crescimento zero. Mas o órgão oficial de estatísticas INSEE anunciou que a produção industrial em julho teve uma alta de 0,2 por cento, o que foi bem melhor do que a previsão de queda de 0,5 por cento obtida numa recente pesquisa Reuters junto a economistas. O Banco da França (banco central) disse que seus indicadores mensais de sentimento do empresariado melhoraram em agosto, e que o índice para o setor industrial atingiu seu maior nível desde abril. Os setores farmacêutico e químico demonstraram o maior otimismo. Mas esses raros indicadores positivos não garantem o sucesso de Hollande na sua tarefa de promover a retomada do crescimento num prazo de dois anos, conforme ele prometeu em entrevista transmitida no horário nobre de domingo pela TV francesa. A missão é especialmente complexa porque, paralelamente, o socialista Hollande terá de fazer a maior redução do déficit público em quase 30 anos, com medidas que poderão afetar o crescimento, a confiança e a geração de empregos. "Os franceses precisam perceber que durante dois anos serão necessários esforços. Eles serão partilhados por todos, mas serão consideráveis", disse o ministro das Finanças, Pierre Moscovici, à rádio RMC. "A recuperação vai levar dois anos, e depois disso espero que nos encontremos... de volta à fase de crescimento, à fase de redistribuição (de riquezas)". Hollande se comprometeu com a retomada do crescimento depois de ser criticado pela demora em enfrentar o desemprego, que atingiu o maior nível em 13 anos, e de estimular o aumento da competitividade industrial. (Reportagem de Nicholas Vinocur e Leigh Thomas)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.