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Polícia francesa desmantela acampamento de imigrantes ilegais

Pelo menos 278 estrangeiros, 132 deles menores, foram detidos na operação no porto de Calais

Atualização:

A polícia francesa desmantelou nesta terça-feira, 22, um acampamento improvisado de imigrantes ilegais conhecido como "Selva". O grupo, cuja maioria é de afegãos, se instalou nos arredores do porto de Calais, no noroeste do país, com o objetivo de chegar clandestinamente ao Reino Unido. Pelo menos 278 estrangeiros, 132 deles menores, foram detidos na operação.

 

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Cerca de 600 policiais cercaram o local e entraram no acampamento. A intervenção das forças da ordem no lugar aconteceu no começo da manhã e se prolongou durante cerca de duas horas, segundo as autoridades locais. O governador regional do departamento de Pas-de-Calais, Pierre de Bousquet de Florian, explicou à imprensa que os detidos menores de idade foram transferidos a "centros especializados".

 

Segundo a BBC, manifestantes a favor dos direitos dos imigrantes entraram em choque com a polícia. Grupos de refugiados pediram ao governo britânico que recebam alguns refugiados que buscam asilo, mas as autoridades britânicas negaram ter sido obrigadas a aceitar imigrantes.

 

Ativistas formaram uma corrente humana no início das operações. Imagens aéreas de TV mostram policiais se movimentando pelo acampamento e calmamente levando para fora uma fila de imigrantes. Outras imagens mostram policiais em confronto com manifestantes. O comandante da polícia de Calais, Pierre de Bousquet de Florian, disse à imprensa que a operação foi um sucesso. Segundo ele, 146 adultos e 132 auto-declarados menores foram detidos. Entre eles, não havia nenhuma mulher.  Os adultos foram levados para a prisão e os menores para centros especiais de detenção.

 

Acredita-se que mais de mil pessoas já tenham deixado o local antes do início da operação, depois que o ministro francês de Imigração, Eric Besson, anunciou que o despejo era iminente. O governo francês afirma que todos os moradores vão ter a chance de pedir asilo ou retorno voluntário assistido, mas teme-se que eles, simplesmente, se instalem em outro lugar.

 

Pouco antes do início da operação, o ministro francês da Imigração, Eric Besson, disse que o acampamento tinha que ser fechado por que é "uma base para traficantes de pessoas". "Há traficantes que fazem essas pobres pessoas pagar um preço extremamente alto por uma passagem para a Inglaterra", disse ele.

 

O ministro britânico do Interior, Alan Johnson, disse na segunda-feira que estava bastante satisfeito com o fechamento do campo.Segundo ele, refugiados legítimos devem pedir asilo no país da União Europeia em que eles tiverem entrado. "Os dois países estão comprometidos em ajudar indivíduos que são refugiados genuínos, que devem pedir proteção no primeiro país seguro a que eles chegarem", disse Johnson. "Esperamos que aqueles que não precisam de proteção voltem para casa."

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Em sua última noite, muitos dos que ficaram no acampamento disseram temer pelo seu futuro. Um deles, Bashir, um professor de inglês de 24 anos do norte do Afeganistão, disse à agência de notícias AFP que pagou US$ 15 mil (cerca de R$ 27 mil) para viajar para a Europa via Paquistão e Istambul. "A gente não tem ideia do que a polícia vai fazer, se vão levar a gente ou vão deixar-nos livres", disse ele. "Mas aqui a gente já fez nosso lugar. Temos nossas casas, nossos chuveiros e nossa mesquita", acrescentou.

 

O Conselho dos Refugiados, baseado no Reino Unido, quer que o governo britânico aceite alguns imigrantes, em particular crianças, que tenham parentes no Reino Unido.

 

As autoridades francesas afirmam que "a selva" se tornou um refúgio para gangues de traficantes de pessoas e uma zona "proibida" para os moradores locais. Campos de imigrantes improvisados se multiplicaram na França depois que a Cruz Vermelha fechou o centro de Sangatte, em novembro de 2002. O campo ficava na França, a curta distância do Eurotúnel, e autoridades britânicas alegavam que ele facilitava a entrada de imigrantes ilegais no Reino Unido.

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