Polícia reprime protesto contra Erdogan, que recebe apoio de partidários

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Por ORHAN COSKUN E ECE TOKSABAY
Atualização:

Manifestantes exigiram nesta sexta-feira a renúncia do primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, por causa de um escândalo de corrupção envolvendo autoridades, e entraram em confronto com a polícia antidistúrbios em Istambul, enquanto do outro lado da cidade milhares de pessoas expressavam apoio ao líder turco. No entorno da praça Taksim, palco das manifestações antigovernamentais em meados do ano, a polícia usou gás lacrimogêneo e canhões de água para dispersar centenas de manifestantes que gritavam "São Ladrões". No entanto, Erdogan ainda conta com o apoio de grande parcela dos muçulmanos religiosos e membros da elite afluente da Turquia. Enquanto a polícia tentava impedir multidões anti-Erdogan de se concentrarem na praça Taksim, entusiasmados seguidores do governista Partido AK recepcionavam Erdogan no aeroporto de Istambul, a cerca de 20 quilômetros dali, com bandeiras nacionais e do partido, no retorno dele de uma viagem a províncias. A polícia prendeu dezenas de pessoas em 17 de dezembro, entre as quais filhos do ministro do Interior e de dois outros membros do gabinete, depois de uma grande investigação sobre corrupção que não tinha sido comunicada a comandantes da polícia - os quais poderiam ter informado o governo com antecedência. Na manhã desta sexta-feira Erdogan sofreu um revés em seus esforços para minimizar as consequências do escândalo, pois um tribunal bloqueou a tentativa do governo de forçar agentes da polícia a revelar investigações a seus superiores. A regulamentação que iria obrigar os policiais a deixar seus superiores a par das investigações foi anunciada pelo governo, irritado por ter sido mantido às escuras durante o período de um ano de averiguações sobre a corrupção. Os mercados financeiros reagiram ao escândalo com nervosismo nesta sexta-feira. A moeda turca, a lira, atingiu uma baixa recorde, as ações chegaram a seu valor mais baixo em 17 meses e o custo do seguro da dívida do país contra um default alcançou o valor mais alto em 18 meses. Esta semana o caso se tornou mais pessoal, já que a mídia turca publicou o que parecia ser uma convocação preliminar de Bilal Erdogan, um dos filhos do primeiro-ministro, para testemunhar, embora sua autenticidade não tenha sido confirmada de imediato. O governo de Erdogan negou qualquer irregularidade, removeu 70 dos policiais envolvidos na investigação, incluindo o chefe da corporação em Istambul, e baixou uma nova norma em 21 de dezembro determinando que os agentes têm de compartilhas as suas descobertas em investigações com os seus superiores. O Conselho de Estado, em Ancara, que trata de questões administrativas, bloqueou a implementação dessa norma, por considerar que "contradiz o princípio da separação de poderes". Em meio a especulações de que poderá antecipar as eleições no ano que vem, Erdogan pediu a seus seguidores que votem em eleições locais em março, como parte de uma "guerra" contra o que ele considera ser um complô orquestrado do estrangeiro, camuflado como processo judicial.

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