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Polícia russa prende 200 manifestantes contrários a Putin

Por DENIS PINCHUK
Atualização:

Policiais russos da tropa de choque espancaram ativistas da oposição no domingo e prenderam quase 200 pessoas em passeatas de protesto contra o presidente Vladimir Putin, em São Petersburgo. Os policiais também detiveram Boris Nemtsov e Nikita Belykh, líderes do partido SPS, nas manifestações. Ambos são candidatos na eleição parlamentar de 2 de dezembro. O correspondente da Reuters viu policiais da tropa de choque batendo em ativistas com cassetetes e com os punhos e empurrando-os para dentro de ônibus da polícia. Mais tarde, dezenas de manifestantes foram presos diante do Palácio de Inverno, a residência dos czares, e em outra manifestação no centro de São Petersburgo. "Nos proibiram de falar de Putin", disse Nemtsov à multidão. "Mas estamos aqui hoje para perguntar a Putin e às autoridades por que há tanta corrupção no país." Ele foi detido imediatamente por cinco policiais, enquanto a multidão gritava "Rússia sem Putin". O líder da oposição relatou à Reuters que sua prisão infringe a lei russa que impede que a polícia detenha candidatos. Cerca de 500 ativistas conseguiram chegar até as passeatas, mas o número de policiais da tropa de choque era muito maior. A maioria dos detidos foi libertada depois, disseram organizadores. As autoridades da cidade não tinham autorizado a passeata, e as ruas do centro foram bloqueadas pela tropa de choque e caminhões de retirada de neve. A "marcha dos descontentes" reúne os opositores de Putin em um movimento que inclui o Outra Rússia, partidos favoráveis ao livre mercado, como o SPS e o Yabloko, além de anarquistas e socialistas radicais. No sábado a polícia prendeu o líder do Outra Rússia e ex-campeão mundial de xadrez Garry Kasparov, quando reprimiu uma passeata de cerca de 3.000 pessoas em Moscou. Ativistas disseram que 60 pessoas foram presas nessa passeata. OPONENTES DE PUTIN Os adversários de Putin acusam o chefe do Kremlin de reprimir as liberdades conquistadas após a queda da União Soviética, em 1991, e de criar o que afirmam ser um sistema político instável que depende unicamente de Putin. Funcionários do Kremlin dizem que as passeatas visam atrair a atenção do Ocidente e que os ativistas são um misto de políticos marginais que têm pouco apoio popular. Apontado pelas pesquisas de opinião como o político mais popular da Rússia, Putin é visto por seus partidários como responsável por consolidar a estabilidade política e promover o mais longo boom econômico visto em uma geração. O ex-espião da KGB prometeu deixar a Presidência no próximo ano, ao término de seu segundo mandato consecutivo de quatro anos. Mas ele disse que vai usar o partido Rússia Unida para conservar sua influência depois de deixar o poder. Ele está concorrendo como candidato principal de seu partido na eleição de dezembro. "Somos governados pela gangue do Rússia Unida", disse Lyubov Chilipenko na passeata. "Ela nos tirou as eleições".

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