Policiais e manifestantes entram em confronto após desfile da Queda da Bastilha, em Paris

Ao menos 180 pessoas foram presas à margem da parada militar após coletes amarelos tentarem criar obstáculos e queimarem lixo na Champs-Elysées; líderes europeus, incluindo Angela Merkel, apoiam Macron

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

PARIS - Confrontos entre policiais e manifestantes na avenida Champs-Elysées, em Paris, marcaram o tradicional desfile militar de 14 de julho, que marca o feriado nacional francês da Queda da Bastilha.

Após o desfile militar, marcado este ano pela cooperação militar europeia defendida por Emmanuel Macron, que presidiu as festividades na presença de vários líderes europeus, incluindo Angela Merkel, dezenas de manifestantes do movimento dos "coletes amarelos" tentaram criar obstáculos e queimaram lixo na famosa avenida.

Coletes amarelos colocam fogo em lixo e tentam obstruir a avenida no dia em que se comemora o feriado nacional da Queda da Bastilha Foto: Kenzo Tribouillard/ AFP

PUBLICIDADE

A polícia antidistúrbio dispersou com gás lacrimogêneo os manifestantes, alguns deles encapuzados. Um total de 180 pessoas foram detidas paralelamente ao desfile militar, antes destes incidentes, informou a polícia parisiense. 

Esta foi a primeira vez que os "coletes amarelos" protestaram na Champs-Élysées desde 16 de março. Segundo a emissora CNews, entre os detidos estão Jérôme Rodrigues e Éric Drouet, figuras destacadas do movimento dos coletes amarelos.

A situação foi especialmente tensa no início da comemoração Champs-Élysées, onde algumas pessoas receberam Mácron com assobios e vaias, e ao final, com cantos contra o capitalismo.

"Os que tentaram impedir este desfile deveriam ter um pouco de vergonha. Hoje é um dia no qual a nação se une e acredito que a nação deve ser respeitada", afirmou à imprensa o ministro francês do Interior, Christophe Castaner

Cooperação militar

Publicidade

Antes da confusão, face ao Brexit e a uma reconfiguração dos laços transatlânticos sob a era Trump, o presidente francês falou de seu projeto de defesa europeia, considerando crucial para o Velho Continente melhorar a sua autonomia estratégica, em complemento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Macron, que participou de seu terceiro desfile desde sua eleição em maio de 2017, abriu as festividades ao percorrer a Champs-Élysées a bordo de um "carro de comando", antes de passar em revista as tropas ao lado do chefe de Estado-Maior. 

O presidente então ocupou seu assento na tribuna presidencial instalada na Praça da Concórdia, onde vários líderes europeus esperavam por ele.

Em frente à multidão reunida no coração da capital, o campeão mundial francês de jet-ski Franky Zapata ofereceu um impressionante espetáculo futurista voando, com uma arma na mão, várias dezenas de metros acima da avenida em seu "Flyboard Air", que ele mesmo inventou.

Franky Zapata voa em Flyboard próximo à Torre Eiffel durante a parada militar, em comemoração à Queda da Bastilha, na avenida Champs-Elysees, em Paris Foto: Charles Platiau/ REUTERS-14/7/2019

CONTiNUA APÓS PUBLICIDADE

Esta plataforma voadora propulsada por jatos de ar é de interesse das forças especiais francesas. O Flyboard permitirá "testar diferentes usos, como uma plataforma de logística voadora ou uma plataforma de assalto", disse a ministra dos Exércitos Florence Parly à France Inter.

Entre a multidão, Thomas, um engenheiro de 39 anos, carregava seu filho de 5 anos nos ombros com a bandeira francesa na mão. "Estávamos em Paris e decidimos estender nossa estada, para que as crianças pudessem ver o desfile. Para ensinar a elas o respeito, que vejam aqueles que lutam por nós", disse ele.

Para esta edição de 2019, a França convidou uma dúzia de parceiros europeus de seu Exército para participar do tradicional desfile militar. "Este será um belo símbolo da defesa europeia que estamos construindo, que, como vocês sabem, é uma prioridade do meu mandato", disse na véspera da celebração o chefe do Estado francês.

Publicidade

"Agir juntos não significa renunciar ou diminuir a soberania nacional, nem, é claro, renunciar à Aliança Atlântica", ressaltou.

Coletes amarelos e policiais entram em confronto em Paris, após o desfile em comemoração à Queda da Bastilha Foto: Rafael Yaghobzadeh/ AP

Parcerias europeias

Além da chanceler alemã, que tem preocupado a opinião pública após três episódios de tremores, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, estavam entre os 11 convidados europeus do presidente francês. Eles almoçaram no Palácio do Eliseu após o desfile.

A primeira-ministra britânica Theresa May é representada pelo vice-premiê David Lidington. Os nove países que participaram ao lado da França na Iniciativa Europeia de Intervenção (IEI) - nascida há um ano sob a liderança de Macron, com o objetivo de desenvolver uma "cultura estratégica compartilhada" - foram representados no desfile pelos seus chefes de Estado, de Governo ou Ministro da Defesa: Bélgica, Reino Unido, Alemanha, Dinamarca, Holanda, Estônia, Espanha, Portugal e Finlândia

O desfile aéreo, aberto com fumaça nas cores da bandeira francesa, teve a participação do avião de transporte alemão A400M e de um espanhol C130. Entre os helicópteros que fecharam o desfile estavam dois Chinooks britânicos. O Reino Unido, que atualmente fornece ao Exército francês três helicópteros de carga pesada no Sahel, acaba de estender seu compromisso até junho de 2020, para a grande satisfação de Paris, que carece enormemente desse tipo de equipamento. 

No total, cerca de 4.300 militares, 196 veículos, 237 cavalos, 69 aviões e 39 helicópteros foram mobilizados para o evento organizado no coração da capital francesa. / AFP e EFE

Helicópteros voam sobre a avenida Champs-Elysees e o Arco do Triunfo, em Paris, durante o tradicional desfile militar em comemoração à Queda da Bastilha Foto: Philippe Wojazer/ REUTERS
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.