
24 de janeiro de 2008 | 19h23
O primeiro-ministro italiano, Romano Prodi, apresentou seu renúncia ao presidente Giorgio Napolitano nesta quinta-feira, 24, após ser derrotado em um voto de confiança no Senado. Veja também: Conheça a trajetória de Romano Prodi Futuro do governo está nas mãos do presidente Prodi solicitou 33 moções De acordo com um informe da Presidência da Itália, Napolitano começa nesta sexta-feira, 24, a fazer as consultas para a formação de um novo governo. Há apenas 20 meses no poder, o premiê perdeu nos últimos dias o apoio de um dos partidos que formavam sua frágil coalizão de governo. O presidente tem, basicamente, duas opções: dissolver o Parlamento e convocar novas eleições ou pedir a outro político que tente formar um governo de tecnocratas. Enquanto o chefe de Estado não se decide, Prodi continuará no cargo interinamente, para manter o governo em funcionamento. Prodi, de 68 anos, pediu o voto de confiança depois que o pequeno partido Udeur (democrata-cristão) decidiu abandonar a coalizão de centro-esquerda "A União", que ficou em minoria na câmara alta. Na quarta-feira, 23, ele recebeu um voto de confiança na Câmara dos Deputados, mas não conseguiu o mesmo resultado no Senado, onde foi derrotado por quatro votos. Durante seus pouco meses no poder, o premier italiano tentou colocar ordem nas finanças públicas da Itália, a quarta maior economia da União Européia, mas vinha esbarrando nas divisões internas de sua coalizão. No período, Prodi teve que submeter seu governo a 33 votos e moções de confiança. Em Bruxelas, no entanto, teme-se que a economia italiana piore em 2008. Formado economista pela London School of Economics, Prodi, que é conhecido na Itália como "O Professor" submeteu seu governo ao voto de confiança mesmo sabendo não haver apoio suficiente no Senado para a sua vitória. Na quarta-feira, três senadores de sua base de apoio anunciaram que não apoiariam o premiê. Pressões Após a queda de Prodi, os líderes da oposição conservadora, Silvio Berlusconi e Gianfranco Fini, solicitaram agendamento de um pleito o mais rápido possível, e sem a participação de um governo de tecnocratas no processo. "Temos que ir às urnas no menor tempo possível, sem atrasso", disse Berlusconi, um magnata da mídia que liderou o governo italiano por cinco anos e que foi derrotado por Prodi em 2006. Berlusconi acrescentou que os conservadores irão vetar qualquer tentativa de criação de um governo de "tecnocratas", idéia defendida pelos parlamentares favoráveis à reforma do código eleitoral do país e pelo presidente. A idéia é impedir que uma nova votação resulte em mais um governo frágil, como o de Prodi. Mas o líder do maior partido do governo Prodi, o prefeito de Roma, Walter Veltroni, disse que a convocação de eleições antecipadas irá "empurrar o país para a situação de grave crise". Veltroni deve liderar uma eventual coalizão de esquerda numa nova votação. Mas, mesmo dentro da coalizão que apoiava Prodi, vários políticos manifestaram-se em favor da realização de eleições antecipadas. É o caso do ministro para a Pesquisa Científica, Fabio Mussi. Caso Napolitano opte por esta possibilidade, terá de decidir se dissolve ambas as Câmaras ou apenas o Senado (Alta), algo que a princípio não parece favorecer nenhum partido e representa uma opção tecnicamente possível. Maioria Na votação sobre a moção de confiança, 161 senadores se posicionaram contra o governo, 156 a favor e um se absteve. Depois que o presidente do Senado, o democrata-cristão Franco Marini, anunciou o resultado da votação, os legisladores da oposição conservadora começaram a aplaudir e gritar, o que forçou o titular da Casa a exigir respeito. Durante as consultas convocadas por Napolitano, os que comparecerão primeiro ao Palácio Quirinale, sede da Presidência, serão os presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, Franco Marini e Fausto Bertinotti, respectivamente. Depois, será a vez de os partidos políticos conversarem com o presidente. Apelo à 'consciência' Em um pronunciamento aos senadores antes da votação, Prodi disse que optou por se submeter ao crivo dos senadores pois tratava-se de um gesto de "consciência". Segundo o premiê, a manutenção do governo seria necessária para que o país passasse por reformas inadiáveis. Entre as mudanças defendidas pelo premiê, está a reforma do sistema eleitoral italiano, que tem sido culpado pelo peso desproporcional dado aos pequenos partidos nas coalizões de governo.
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