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Prêmios Nobel pedem que se aprenda com queda do muro

O 10º Congresso dos Prêmios Nobel da Paz acontece até quarta-feira em Berlim e reúne 20 premiados

Por Efe
Atualização:

Mikhail Gorbachev e Lech Walesa durante a reunião 

 

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BERLIM - Os ganhadores do Prêmio Nobel da Paz disseram nesta terça-feira, 10, em um congresso em Berlim que é preciso aprender com a revolução pacífica que levou à queda do muro na capital alemã e "sonhar com o impossível".

 

"Esperemos o impossível, porque é mais provável que ocorra que o que hoje achamos possível", afirmou o bengalês Muhammad Yunus, conhecido como o "banqueiro dos pobres" pelo sistema de microcréditos que administra no Grameen Bank.

 

O 10º Congresso dos Prêmios Nobel da Paz, realizado entre hoje e amanhã na capital alemã, reuniu 20 premiados, como o ex-líder soviético Mikhail Gorbachov, o ex-presidente polonês Lech Walesa e o ex-presidente sul-africano Frederick Willem De Klerk.

 

Com o lema de "Derrubar os novos muros e construir pontes para garantir um mundo dos direitos humanos e um muro sem violência", o congresso aborda questões como a luta contra a pobreza, a mudança climática e as armas nucleares.

 

Coincidindo com os 20 anos da queda do Muro de Berlim, lembrados ontem, Yunus elogiou a forma pacífica que levou à derrubada dessa barreira.

 

Segundo ele, é preciso aprender com esse fato histórico que "os muros podem cair se o povo quiser".

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"Isso deve nos tornar mais humildes. Não sabemos o que acontecerá amanhã. Devemos usar nossa imaginação para idealizar como será o ano 2030. É melhor que pensemos em coisas impossíveis, porque essas são as que ocorrerão. Vamos pelo impossível", assegurou.

 

Já Gorbachov afirmou que o mérito da queda do muro foi dos cidadãos da hoje extinta República Democrática Alemã (RDA), que segundo ele "configuraram seu próprio futuro" sem a "interferência de outros".

 

Sobre a relação entre Bruxelas e Moscou, disse ser um "anacronismo" deixar a Rússia fora do diálogo europeu e afirmou que a União Europeia (UE) ainda não decidiu "que Rússia deseja ver".

 

O presidente da Comissão Europeia (órgão executivo da UE), José Manuel Durão Barroso, assinalou que a queda do Muro de Berlim demonstra que "tudo é possível" e que a vontade de paz e liberdade "sempre será mais fortes que os muros e as prisões".

 

"Os realistas e os cínicos se equivocaram. Às vezes é possível o que muitos veem como impossível. O muro caiu e abriu portas e janelas pelas quais soprou o vento da liberdade", assinalou.

 

Para ele, a União Europeia é um projeto de paz que levou à estabilidade de países do centro e do leste europeu. "Como o que hoje estamos fazendo nos Bálcãs", apontou.

 

Walesa, por sua vez, comentou que foi a pressão dos cidadãos germano-orientais o que provocou a queda do Muro de Berlim, apesar de as autoridades da RDA "terem outros planos".

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O ex-presidente comparou também a luta dos alemães do leste com a dos poloneses que, pela via pacífica, conseguiram pôr fim a um regime comunista.

 

Já De Klerk definiu os fatos de 9 de novembro de 1989 como uma "vitória da liberdade" similar à ocorrida 200 anos antes com a Queda da Bastilha, durante a Revolução Francesa.

 

Segundo o ex-presidente sul-africano, a queda do muro contribuiu para que a África do Sul derrubasse as barreiras que "dividiam sua gente" e "construísse pontes" para o fim do apartheid. "O futuro é imprevisível. Não existe o final da história", afirmou.

 

Ahmed Kathrada, colaborador do Prêmio Nobel da Paz Nelson Mandela, pediu que se enxergue além da queda do muro."Estamos muito longe de um mundo sem violência", apontou.

 

Kathrada falou também sobre uma suposta piora no estado de saúde de Mandela e afirmou que o ex-presidente está bem "como uma pessoa de 90 anos e com a vida dura que teve".

 

Para o colaborador de Mandela, a comunidade internacional tem que ser realista e a luta pela paz e a liberdade "ainda não terminou".

 

Ao longo do congresso, a cantora britânica Annie Lenox receberá o prêmio Mulher da Paz 2009, por sua contribuição à luta contra a aids na África.

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