
05 de janeiro de 2012 | 14h04
Isso poderia prejudicar ainda mais a imagem de Wulff, que na quarta-feira foi à televisão tentar apaziguar o escândalo sobre um empréstimo particular contraído por ele e sobre sua suposta tentativa de pressionar o jornal a não divulgar o caso.
O escândalo pode prejudicar a chanceler Angela Merkel, que indicou Wulff para a presidência em 2010.
Sofrendo pressão para renunciar, Wulff deixou claro na quarta-feira que pretendia ficar no cargo, e até agora o apoio de Merkel garantiu sua segurança.
Ela está preocupada em evitar um debate prolongado e potencialmente conflitivo dentro de sua coalizão sobre um sucessor e, como sua maior patrocinadora, ela está vulnerável a acusações de mau julgamento.
A mídia alemã e parlamentares da oposição renovaram na quinta-feira os ataques a Wulff, que na entrevista televisiva admitiu ter cometido um erro grave ao ligar para o editor do Bild no mês passado e deixar uma mensagem ameaçadora em seu correio de voz.
Wulff disse que não tentou anular a reportagem, mas apenas adiar sua publicação em um dia para ter tempo para respondê-la.
O Bild rejeita isso e divulgou uma carta na quinta-feira do editor Kai Diekmann para Wulff, na qual ele busca consentimento para publicar uma transcrição da mensagem.
"Observamos com surpresa sua declaração na televisão de que sua ligação para a minha caixa postal não tentava impedir a (publicação da) reportagem sobre seu empréstimo imobiliário, mas sim adiá-la em um dia", escreveu Diekmann.
"A fim de acabar com o mal entendido sobre os motivos e o conteúdo de sua ligação, achamos ser necessário publicar a transcrição de sua mensagem".
"GUERRA"
A mídia alemã divulgou que Wulff havia ameaçado o Bild com uma "guerra" e consequências legais se o jornal publicasse a história.
Na reportagem, que o Bild publicou no mês passado, o jornal divulgou que Wulff havia recebido um empréstimo imobiliário em 2008 a taxas baratas da esposa de Egon Geerkens, um amigo e rico empresário, quando ele ainda era premiê do Estado da Baixa Saxônia.
O atual presidente está sendo acusado de ter enganado o parlamento estadual quando negou ter relações de negócios com Geerkens, e seus críticos dizem que ele pode ter infringido a lei ministerial.
Os alemães levam a sério o cargo de presidente. A pessoa no posto deve agir como uma autoridade moral para a nação, defendendo as leis constitucionais, inclusive um compromisso com a liberdade de imprensa. A chefia do governo, no entanto, fica com o chanceler, que atua como um primeiro-ministro.
O apoio público a Wullf caiu de 63 por cento para 47 por cento em questões de dias, mostrou uma pesquisa feita pela televisão ARD.
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