Presidente da França rejeita se desculpar por passado na Argélia

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O presidente da França, François Hollande, recusou-se na quarta-feira a pedir perdão pelo passado colonial do seu país na Argélia, dizendo em lugar disso que Paris busca uma relação em pé de igualdade e com maior intercâmbio comercial com o país do norte da África, rico em petróleo. Ao iniciar sua primeira visita de Estado desde que foi eleito, em maio, Hollande disse que os dois países chegaram a um acordo sobre uma declaração de amizade e uma parceria estratégica de cinco anos abrangendo as relações econômicas, culturais, agrícolas e de defesa. "Quero definir com a Argélia uma parceria estratégia de igual para igual", afirmou ele em entrevista coletiva após se reunir com o presidente argelino, Abdelaziz Bouteflika. "Não estou aqui para me arrepender nem para pedir desculpas, estou aqui para dizer a verdade." O trauma da Guerra da Argélia (1954-62), em que centenas de milhares de pessoas morreram antes da desocupação francesa, deixou profundas cicatrizes em ambos os países. Um pedido de desculpas seria algo politicamente delicado para Hollande, por causa da resistência de muitos cidadãos franceses que viviam na Argélia antes da independência e que lutaram no Exército francês contra a insurgência argelina. Os "harkis" - voluntários muçulmanos leais a Paris - também são contra o pedido de desculpas. Durante a visita, Hollande anunciou a construção na Argélia de uma fábrica da Renault com capacidade para 75 mil veículos por ano. (Reportagem de Julien Ponthus e John Irish em Paris)

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