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Presidente da Turquia cobra transparência após escândalo de corrupção

Por ORHAN COSKUN E TULAY KARADENIZ
Atualização:

O presidente Abdullah Gul tratou de botar panos quentes no mais recente caso de corrupção da Turquia, assegurando nesta terça-feira que não haverá qualquer tentativa de encobrir o esquema e que as cortes estão livres para investigar o escândalo. Após os comentários de Gul, uma figura que pede a unificação do país em meio a um cenário de sensível polarização da sociedade turca, o primeiro-ministro Tayyip Erdogan também fez restrições à polícia e ao Judiciário, além de apontar uma conspiração estrangeira como possível responsável pelo escândalo. Os filhos de dois ministros do gabinete turco o chefe do banco estatal Halkbank estão entre as 24 pessoas sob custódia da polícia, acusadas de corrupção. Imagens da televisão mostrando caixas de sapato cheias de dinheiro encontradas nas casas de suspeitos causaram a ira da população turca, que ainda se recuperava dos protestos de junho contra o primeiro-ministro Erdogan. "A Turquia não é mais o país de 10, 15 anos atrás. Muitas reformas foram feitas, na política e também na constituição", começou Gul em seu discurso. "Em um país com tantas mudanças positivas, um caso de corrupção não pode e não deve ser encoberto", disse o presidente a jornalistas, antes de acrescentar que "este sistema independente, objetivo e democrático vai julgar os culpados sem que restem quaisquer dúvidas." Erdogan respondeu às detenções destituindo ou transferindo cerca de 70 agentes da polícia, incluindo o chefe das forças policiais em Istambul. Durante a semana, o governo mudou algumas regras policiais, como, por exemplo, passando a exigir que os agentes reportem as investigações e detenções aos procuradores e impedindo os jornalistas de entrarem nos prédios policiais. Erdogan venceu três eleições consecutivas na Turquia, que floresceu economicamente durante seu mandato, e transformou o país ao tirar poder das forças armadas, tradicionalmente fortes na Turquia. Por outro lado, ele contrariou boa parte da população que o acusa de abuso de poder, razão pela qual aconteceram os protestos em junho. O caso do Halkbank e sua retaliação à polícia fizeram com que o primeiro-ministro ganhasse novos inimigos, como um influente clérigo turco que tem muitos admiradores na polícia e no sistema judiciário.

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