A primeira-ministra e candidata derrotada nas eleições presidenciais da Ucrânia, Yulia Tymoshenko, desafiou seus oponentes nesta quarta-feira, 24, a retirá-la do cargo com uma moção de confiança. A desafiadora declaração de Tymoshenko foi feita um dia antes de seu rival, Viktor Yanukovych, assumir o cargo após vencer o segundo turno do pleito, realizado em 7 de fevereiro.
A falta de uma coalizão forte o suficiente para vencer a resistência de Tymoshenko à presidência de Yanukovych ameaça ampliar o tipo de discussão política que tem paralisado o sistema político ucraniano há vários anos. "O país precisa de clareza sobre quem está respondendo pela vida do país, para assegurar todas as formas de desenvolvimento e nós, como um grupo, somos simplesmente obrigados a dar à nação essa clareza", disse Tymoshenko durante uma reunião de governo.
O Partido das Regiões, de Yanukovych, propôs uma moção no Parlamento para retirar Tymoshenko do cargo. A legenda foi forçada a voltar atrás na quarta-feira, apesar das semanas de negociações com aliados de Tymoshenko para formar uma coalizão contra ela, mas reapresentou a moção no final do dia, numa aparente resposta ao desafio da primeira-ministra.
"O Partido das Regiões não tem votos para levar adiante a proposta", disse Tymoshenko dirigindo-se a seus ministros. Ela usava um vestido vermelho em vez das cores leves que costuma vestir.
A vice-presidente do partido de Yanukovych, Anna German, disse que o presidente eleito não vai conseguir trabalhar em parceria com Tymoshenko e vai tentar substituí-la. "A coexistência de Yanukovych como presidente e Tymoshenko como primeira-ministra é impossível", disse German na quarta-feira. "Até a primavera (no hemisfério norte) a Ucrânia terá um novo primeiro-ministro que não vai pensar sobre suas próprias ambições ou em se manter no poder, mas sobre o país", completou.
Para conseguir que seu partido forme uma nova coalizão majoritária, Yanukovych vai precisar de um acordo com seu ex-adversário, o atual presidente Viktor Yushchenko.
Yushchenko e Tymoshenko lideraram os grandes protestos de 2004 contra vitória fraudulenta de Yanukovych, chamada de Revolução Laranja. A Suprema Corte derrubou a vitória de Yanukovych e convocou novas eleições, vencidas por Yushchenko, por uma pequena margem no início de 2005.
Tymoshenko tornou-se primeira-ministra sob o governo de Yushchenko, mas a parceria entre os dois se desfez em meio a manobras políticas e acusações que resultaram na paralisação do governo durante a maior parte do governo de Yushchenko.