Protestos na Rússia são teste para Putin e seus rivais

Premiê disputará as eleições para a presidência no ano que vem e deve enfrentar forte resistência

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MOSCOU - A oposição russa pretende levar multidões às ruas no sábado para manifestações que servirão como um teste para a sua capacidade de transformar a indignação contra supostas fraudes eleitorais em um movimento de protesto efetivo. De Kaliningrado, à beira do Báltico, a Vladivostok, na costa do Pacífico, dezenas de cidades russas realizarão manifestações, que funcionarão também como um termômetro da tolerância de Putin à pressão popular. A eleição parlamentar de domingo, em que o partido governista Rússia Unida viu sua bancada encolher em 77 deputados, embora mantendo uma ligeira maioria no Parlamento, sinalizou um crescente descontentamento contra os 12 anos de hegemonia política de Putin no maior país do mundo. "As pessoas vão sair amanhã... porque estão cansadas do partido dos vigaristas e ladrões", disse a ativista Yevgeniya Chirikova, usando um rótulo que se popularizou pela internet. Os manifestantes têm autorização para realizar um grande ato público em Moscou. Mas a polícia promete coibir qualquer ação ilegal. Na segunda-feira, a oposição realizou seu maior protesto dos últimos anos na capital. Nos dias seguintes, dezenas de milhares de policiais ocuparam as ruas e reprimiram aglomerações. A tensão política assustou os investidores, por prenunciar uma fase de instabilidade na Rússia até a eleição presidencial de 2012, em que Putin é favorito. Ele já foi presidente de 2000 a 2008, quando passou o cargo para seu afilhado político Dmitry Medvedev. Desde então, ele atua como primeiro-ministro, mas continua sendo o político mais poderoso do país. O declínio no apoio ao Rússia Unida, partido de Putin, indicou a frustração de grande parte do eleitorado com a corrupção, as disparidades sociais e o medo de uma estagnação econômica. A oposição diz que o resultado negativo para o partido governista na verdade esconde uma derrota ainda maior, pois há suspeitas de fraude generalizada - incluindo a colocação de votos falsos em urnas. As queixas sobre fraudes se espalham na Internet junto com a convocação para os protestos. O maior deles deve acontecer em Moscou. Depois de reunirem cerca de 5 milmanifestantes na segunda-feira, os organizadores esperam uma participação bem maior no sábado - até o meio-dia de sexta-feira (hora local), 60 mil russos haviam manifestado pelas redes sociais Facebook e VKontakte a sua intenção de comparecer. O protesto foi inicialmente convocado para a praça da Revolução, vizinha ao Kremlin, mas as autoridades municipais autorizaram um evento com até 30 mil pessoas em outro local, mais discreto, na margem oposta do rio Moscou.

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