Putin passa por teste nas urnas, mas órgãos citam fraude

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Por RAL
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Os russos foram às urnas neste domingo em eleições parlamentares vistas como um teste da autoridade de Vladimir Putin antes de um planejado retorno à presidência, mas um órgão de fiscalização eleitoral reclamou de "grandes cyberataques," citando violações na votação. Putin permanece de longe como o político mais popular do país, mas há sinais de que os russos podem estar cansados da imagem de Putin como homem forte da nação. O ex-espião de 59 anos mostrou um ar austero e afirmou apenas que espera bons resultados do partido Rússia Unida ao passar por eleitores para votar em Moscou. "Votarei em Putin. Tudo em que ele se envolve, ele sabe lidar," afirmou Father Vasily, de 61 anos, um monge de um monastério próximo. "É muito cedo para uma nova geração. Eles ficarão no poder outros 20 anos. Somos russos, somos asiáticos, precisamos de uma liderança forte." Uma entidade de fiscalização financiada pelo Ocidente e dois órgãos de imprensa independente disseram que seus sites foram fechados por hackers na tentativa de silenciar acusações de fraude. Páginas pertencentes à rádio Ekho Moskvy, ao portal Slon.ru e ao órgão Golos saíram do ar por volta das 8 horas (horário local). "Grandes cyberataques estão ocorrendo no sites do Golos e no mapa mostrando violações," afirmou o Golos no Twitter. O Golos disse que foi expulso de diversas zonas eleitorais da região siberiana de Tomsk. Promotores de Moscou lançaram uma investigação na semana passada sobre as atividades da empresa depois de legisladores terem criticado o financiamento ocidental do órgão. No sábado, autoridades detiveram o diretor do Golos por 12 horas em um aeroporto de Moscou. Washington afirmou que se preocupa com a "forma de assédio" contra o órgão. O editor-chefe da Ekho Moskvy, Alexei Venediktov, escreveu no Twitter: "É óbvio que o ataque no dia da eleição no site (da rádio) é parte de uma tentativa de impedir a publicação de informações sobre as fraudes." O atual presidente russo, Dmitry Medvedev, que deixará o posto em março para o retorno de Putin, rejeitou as acusações de fraude. A promotoria pública e a Comissão Central de Eleições não foram encontradas para comentar o assunto. Alguns eleitores dizem que votarão para o Rússia Justa, que se proclama "novos socialistas," ou comunistas, que continuam com grande apoio dos cidadãos mais pobres duas décadas depois do colapso da União Soviética e o advento de um sistema de livre mercado. O líder do Partido Comunista, Gennady Zyuganov, afirmou que parecem ter havido fraudes em várias das 93 regiões russas. "Acabei de falar com nosso pessoal na Sibéria e no extremo leste e a situação é muito preocupante," afirmou. As pesquisas mostram que o partido de Putin deve ganhar maioria, mas terá menos do que os 315 assentos que atualmente detém na Câmara dos Deputados, que tem 450 vagas e conhecida como Duma. Se o partido de Putin tiver menos de dois terços dos assentos, não terá mais maioria constitucional, que permite ao governo mudar a Constituição e até aprovar o impeachment do presidente.

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