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Putin revela plano de cessar-fogo para Ucrânia; França suspende venda de navio

Depois de falar com o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, por telefone, Putin disse acreditar que Kiev e os separatistas pró-Rússia podem chegar a um acordo

Por GARETH JONES E VLADIMIR SOLDATKIN
Atualização:
Poroshenko indicou que a conversa com Putin injetou algum ânimo nos esforços para encerrar o conflito Foto: Alexei Nikolsky/AP

O presidente russo, Vladimir Putin, delineou planos para um cessar-fogo no leste da Ucrânia nesta quarta-feira, mas o primeiro-ministro ucraniano rejeitou a proposta, e a França expressou sua desaprovação ao apoio de Moscou aos separatistas freando a entrega de um navio de guerra.

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Depois de falar com o presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, por telefone, Putin disse acreditar que Kiev e os separatistas pró-Rússia podem chegar a um acordo nas conversas planejadas para acontecer em Minsk, Belarus, na sexta-feira.

“Nossas visões sobre a maneira de resolver o conflito, me pareceu, são muito próximas”, declarou Putin aos repórteres durante uma visita à capital da Mongólia, Ulan Bator, descrevendo as sete etapas que propôs para garantir um desfecho para a crise.

Entre elas estão a suspensão de operações ofensivas dos separatistas, o recuo das forças ucranianas, o fim dos ataques aéreos ucranianos, a criação de corredores de ajuda humanitária, a reconstrução da infraestrutura danificada e a troca de prisioneiros.

Poroshenko indicou que a conversa com Putin injetou algum ânimo nos esforços para encerrar o conflito, que já matou mais de 2.600 pessoas desde abril, dizendo esperar que “o processo de paz finalmente comece” nas tratativas de sexta-feira e que ele e Putin alcançaram um “entendimento mútuo” sobre os passos rumo à paz.

Mas o premiê ucraniano, Arseny Yatseniuk, chamou o plano de “decepção”, às vésperas de uma cúpula da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan) para discutir a Ucrânia, acrescentando com aspereza que “o verdadeiro plano de Putin é destruir a Ucrânia e restaurar a União Soviética”.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, também se mostrou cauteloso, afirmando que o conflito só pode terminar se a Rússia parar de fornecer armas e soldados aos rebeldes, acusação que Moscou nega.

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Em mais um sinal da desconfiança ocidental crescente e da desaprovação a Moscou por sua conduta na Ucrânia, a França declarou que não irá levar adiante a entrega já planejada do primeiro de dois porta-helicópteros Mistral à Rússia.

Moscou afirmou que a rejeição do negócio de 1,2 bilhão de euros prejudicaria mais a França do que a Rússia, e o Ministério da Defesa russo disse não ver “nenhuma tragédia” na decisão, mas o gesto deve irritar o Kremlin e ressaltar o isolamento cada vez maior da Rússia.

CESSAR-FOGO As propostas de cessar-fogo tiveram pouco impacto no leste da Ucrânia, palco dos conflitos. O bombardeio na cidade de Donetsk, controlada pelos rebeldes, continuou e colunas de fumaça foram vistas na área que inclui o aeroporto da cidade. Líderes rebeldes disseram ter pouca fé que as forças ucranianas irão respeitar qualquer trégua nos combates. Um cessar-fogo pode ser bem-vindo para que Poroshenko restaure a combalida economia do país e porque suas forças sofreram revezes nas últimas semanas. O porta-voz de Putin Dmitry Peskov procurou abordar as preocupações com as propostas de trégua dizendo que elas não tratam da situação das áreas ocupadas pelos rebeldes. (Reportagem adicional de Gabriela Baczynska em Donetsk, Lidia Kelly, Jason Bush e Mark Trevelyan em Moscou e Balazs Koranyi, David Mardiste e Steve Holland em Tallinn)

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