Referendo do Québec mostra que semana final é crítica na votação escocesa

No caso canadense, a província permaneceu como parte integrante do país por uma diferença de 1% na votação

PUBLICIDADE

Por ROSS FINLEY
Atualização:
Moradores contra e a favor à independência da Escócia se manifestam em Edimburgo Foto: Andy Buchanan/AFP

Está acirrada a disputa pelo voto a favor e contra a independência da Escócia a uma semana do dia do referendo, o que coloca o equilíbrio da balança nas mãos de um número considerável de eleitores indecisos.

PUBLICIDADE

No decorrer da semana passada, uma série de pesquisas de opinião, com uma honrosa exceção, mostrou um aumento do apoio ao "sim" que deixou a elite britânica em pânico.

Os últimos levantamentos espelham o que aconteceu na véspera do referendo do Québec, no Canadá, em 1995 – um dos poucos paralelos óbvios na história recente –, quando os eleitores optaram por continuar no Canadá por uma margem estreita de apenas 1 por cento dos votos.

Dado o que ocorreu no Québec, a mudança recente no ímpeto da campanha independentista da Escócia não surpreende, disse Darrell Bricker, executivo-chefe do instituto Ipsos Public Affairs de Toronto.

Embora no Québec o campo do "não" tenha tido uma vantagem confortável de quase 10 pontos percentuais até dois meses antes do pleito, o voto pelo "sim" assumiu a dianteira em seis pesquisas de opinião consecutivas a pouco mais de uma quinzena da votação, fazendo prever a vitória do "sim".

No caso da Escócia, até agora só um levantamento, do instituto YouGov, na semana passada, colocou a campanha do "sim" na frente, por 2 pontos percentuais, em uma pesquisa com margem de erro de 2 a 3 pontos percentuais para mais ou para menos.

A pesquisa mais recente, divulgada na quarta-feira pela Survation, revelou um apoio de 47 por cento ao "sim" e de 53 por cento ao "não", mas exclui os 10 por cento de indecisos.

Publicidade

O estreitamento súbito, de dois dígitos para nenhum, na liderança do "não" nos outros levantamentos bastou para desencadear vendas nos mercados da libra esterlina, pelo temor de que a Grã-Bretanha possa se dividir, e levou a campanha do "não" a clamar para que se conceda mais autonomia à Escócia.

A pesquisa do YouGov mostra que os eleitores se dividem quando indagados se creem que a secessão irá melhorar ou não a situação financeira da Escócia ou de cada um deles individualmente.

Entre os eleitores de 25 a 39 anos, há uma divisão equilibrada entre os que acham que, após a separação, ficariam melhores, piores, iguais ou que não têm certeza.

Ainda mais difícil é quantificar quantos eleitores que dizem que votarão pelo "sim" – por ser uma opinião ousada e otimista – acabarão escolhendo a outra opção quando estiverem na privacidade da cabine de votação.

"A mudança é difícil. Se as pessoas percebem a mudança como sendo de risco, o status quo prevalece ... (por causa) dos eleitores envergonhados do "não", disse Bricker. "Isso é o que aconteceu no Québec."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.