Reino Unido reduz cota para trabalhadores de fora da UE

Desemprego alto e cortes nos gastos do governo têm restringido a oferta de trabalho no país

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Por MATT FALLOON
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A Grã-Bretanha irá reduzir em um quinto o número de imigrantes de fora da União Europeia autorizados a trabalhar no país, disse o governo na terça-feira. Mas o limite adotado pela coalizão conservadora-liberal, no poder desde maio, não valerá para trabalhadores que recebam mais de 40 mil libras (US$ 63,5 mil) por ano, e que sejam transferidos por uma empresa de outros países para a Grã-Bretanha. Entidades empresariais, políticos de oposição e alguns membros do Partido Liberal-Democrata alertaram o governo que as restrições à imigração podem afetar negativamente a economia, por reduzirem a produtividade e, possivelmente, elevarem as folhas de pagamento. Mas tensões sociais relacionadas ao grande contingente de imigrantes tiveram um papel crucial na campanha eleitoral deste ano, e todos os principais partidos políticos prometeram adotar posturas mais rigorosas. O desemprego está em 7,7% na Grã-Bretanha, e cortes nos gastos do governo ameaçam os empregos de quase meio milhão de funcionários públicos. A ministra do Interior, Theresa May, disse que o governo deseja reduzir o fluxo migratório (imigração menos emigração) dos atuais quase 200 mil indivíduos por ano para a casa das dezenas de milhares em 2015, quando está prevista a nova eleição parlamentar. "Devemos endurecer o nosso sistema imigratório", disse May ao Parlamento. "É possível reduzir os números promovendo o crescimento e salientando a mensagem de que a Grã-Bretanha está aberta para os negócios." O número de imigrantes chegando de fora da UE, que em 2009 foi de cerca de 28 mil, será limitado em 21,7 mil a partir de abril de 2011. Como parte do bloco europeu, a Grã-Bretanha tem uma política de "portas abertas" para trabalhadores da maioria dos demais 26 países da UE. A quantidade de imigrantes autorizados a entrar sem emprego será reduzida de cerca de 13 mil no ano passado para 1.000, e as autorizações serão limitadas a "talentos excepcionais", como cientistas, acadêmicos e artistas. Já a quantidade de estrangeiros que podem entrar possuindo ofertas de emprego terá um aumento de quase 7.000 indivíduos, chegando a 20,7 mil. Haverá restrições também para cargos com nível de pós-graduação, mas não para investidores e empreendedores, segundo May. A ministra disse também que ficará proibida a entrada de empregados temporários que depois se instalem definitivamente. "Vamos encerrar o vínculo entre migração temporária e permanente", afirmou ela.

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