
28 de dezembro de 2010 | 12h46
Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores também disse que são sem fundamento as sugestões de que o julgamento de Khodorkovsky é um exemplo de justiça seletiva. Na segunda-feira, o magnata foi declarado culpado por roubo em ampla escala e lavagem de dinheiro.
Os EUA e países europeus afirmaram que o veredicto suscita questionamentos sobre o comprometimento do Kremlin com o estado de direito e os direitos humanos e advertiram que observavam o caso de perto.
Ao se referir sobre os comentários feitos por Washington e por governos pertencentes à União Europeia sobre o julgamento, o ministério afirmou: "Gostaríamos mais uma vez de ressaltar que essa questão está ligada à competência do sistema judiciário da Federação Russa."
"Tentativas de fazer pressão sobre a corte são inaceitáveis", disse o ministério num comunicado. "Contamos com que todos tratem dos próprios negócios - tanto em casa como na arena internacional."
Um juiz lia na terça-feira o veredicto de condenação a Khodorkovsky, que já foi o homem mais rico da Rússia e está preso desde 2003. Espera-se que, quando o juiz Viktor Danilkin terminar a leitura, ainda esta semana, ele apresente a sentença.
Na segunda-feira, o juiz considerou Khodorkovsky culpado por lavagem de dinheiro e por um roubo multibilionário de petróleo - veredicto que seus advogados e governos do Ocidente dizem indicar interferência política no sistema judiciário. A equipe de defesa de Khodorkovsky alegou pressão do governo sobre o juiz e prometeu recorrer da decisão.
Os promotores querem uma pena adicional de 6 anos de prisão para Khodorkovsky, ex-CEO da empresa de petróleo Yukos, que está a 10 meses do fim de uma pena de oito anos impostas por um julgamento anterior durante a presidência de Vladimir Putin
(2000-2008).
Um dos jovens magnatas a construir fortunas após o colapso da União Soviética em 1991, Khodorkovsky se desentendeu com o Kremlin de Putin depois de lançar acusações de corrupção, desafiando o controle do Estado sobre as exportações de petróleo e financiando partidos de oposição.
Putin agora é primeiro-ministro, mas ainda é o homem mais poderoso da Rússia. Seu sucessor, Dmitry Medvedev, fez da modernização da economia e da extinção da influência política e da corrupção nos tribunais suas duas principais metas na presidência.
(Reportagem adicional de Arshad Mohammed em Washington)
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