Rússia ampliou investigação de mortes de jornalistas, diz comitê

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Por AMIE FERRIS-ROTMAN
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A Rússia está intensificando seus esforços para elucidar os assassinatos de 19 repórteres, disse na quinta-feira um órgão importante de proteção dos direitos de jornalistas, acrescentando que está vendo uma atitude nova surgir em um país classificado entre os mais perigosos para a imprensa. Os assassinatos de jornalistas que focavam a corrupção e violações dos direitos humanos, e o fato de seus autores não terem sido identificados, são um ponto contra os líderes russos aos olhos de governos ocidentais e críticos do Kremlin, para os quais a não identificação dos assassinos produz um ambiente de impunidade. Mas o Comitê para Proteger Jornalistas (CPJ) disse que enxergou uma atitude nova em uma reunião com o chefe do Comitê Investigativo Federal, que reabriu os inquéritos sobre cinco dos assassinatos e prometeu trabalhar ativamente nos outros casos. "O ambiente foi diferente desta vez", disse Kati Marton, membro do conselho do CPJ, falando a repórteres em Moscou. Ela disse que o comitê, sediado em Nova York, ficou "impressionado com a seriedade" do chefe do Comitê Investigativo, Alexander Bastrykin. A Rússia é a oitava colocada no "Índice de Impunidade" do CPJ, uma lista de países onde jornalistas são mortos com frequência e os governos não elucidam os crimes. O CPJ disse que desde 2000, quando Vladimir Putin chegou ao poder, houve na Rússia 19 assassinatos de jornalistas cujos autores não foram identificados. O presidente Dmitry Medvedev prometeu investigar os crimes, incluindo o assassinato em 2006 de Anna Politkovskaya, jornalista que fazia críticas ao Kremlin, mas grupos de defesa dos direitos humanos dizem que poucos avanços foram feitos no sentido de identificar os mandantes das mortes. Medvedev é mais afirmativo na condenação dos assassinatos de jornalista do que Putin, que falou de Politkovskaya em tom de pouco caso após a morte dela. Putin hoje é primeiro-ministro e já deu a entender que pode voltar à presidência na eleição de 2012. Na semana passada Medvedev anunciou planos para reforçar os poderes do Comitê Investigativo, separando-o da Procuradoria-Geral e fazendo com que se reporte diretamente ao presidente. "Essa iniciativa é uma notícia muito boa para nós", disse Marton. Ela acrescentou que as autoridades russas estão levando mais a sério o número crescente de mortes não elucidadas de jornalistas, "já que sabem que isso vem prejudicando a imagem da Rússia". O grupo ativista deixou claro, contudo, que não ficará satisfeito enquanto não forem identificados os mandantes dos crimes, e não apenas as pessoas que os cometeram. (Reportagem adicional de Conor Humphries)

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