Rússia critica abusos de 'neonazistas' de Kiev e do Ocidente

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Por GABRIELA BACZYNSKA
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O governo da Rússia publicou um relatório de 80 páginas nesta segunda-feira detalhando "violações abrangentes e brutais dos direitos humanos" na Ucrânia nos últimos seis meses, pelas quais acusa o novo governo e os seus aliados ocidentais. No momento em que Kiev e o Ocidente acusam Moscou de semear a discórdia para ampliar seu controle sobre o vizinho ex-soviético após a anexação da Crimeia, o relatório, publicado na Internet em inglês, é a munição mais recente de uma guerra de informação na qual a Rússia diz que seus adversários são fascistas ucranianos que tomaram o poder em um golpe contra o presidente eleito pró-Rússia, Viktor Yanukovich. O documento do Ministério das Relações Exteriores russo, intitulado "Livro Branco das Violações dos Direitos Humanos e do Estado de Direito na Ucrânia", foi apresentado ao presidente russo, Vladimir Putin, cujo porta-voz disse que o relato pretende atrair a atenção dos "organismos internacionais legais". O relatório, que não cita a fonte de muitos dos incidentes e alegações que descreve, cobre desde um relato da demolição de uma estátua de Lenin e da invasão de edifício públicos até o espancamento de judeus e o assassinato de 77 pessoas em Kiev nos dias que antecederam a fuga de Yanukovich para a Rússia, em 22 de fevereiro. Embora o novo governo e seus aliados ocidentais culpem atiradores de elite da polícia por muitas das mortes, o relato russo - que traz na capa a imagem de um policial incendiado por uma bomba de gasolina - sugere que os oponentes de Yanukovich estão por trás dos disparos. Em uma seção dedicada à "interferência" estrangeira, o documento assinala visitas de autoridades ocidentais ao campo de "Maidan", quartel-general informal dos manifestantes, durante os protestos que começaram quando o presidente rejeitou estreitar os laços com a União Europeia, em novembro. O documento ressaltou - juntamente com uma foto - a "distribuição de biscoitos" pela secretária-assistente do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Victoria Nuland, e citou "relatos" de que sua pasta "dirigiu" os protestos do grupo de manifestantes pró-Europa conhecido como Euromaidan. Entre suas provas estão fotos da Segunda Guerra Mundial da colaboração nacionalista ucraniana com os invasores nazistas, incluindo um cartaz de recrutamento de ucranianos para a SS de Hitler, ao lado de uma foto do líder parlamentar nacionalista Oleh Tyagnibok e um comentário antissemita e anti-Rússia atribuído a ele. O ministério das Relações Exteriores concluiu que "extremistas de forças ultranacionalistas e neonazistas" que tiveram apoio "ativo" do Ocidente realizaram um golpe em Kiev em fevereiro. "Manifestações de sentimentos extremistas, ultranacionalistas e neonazistas, intolerância religiosa, xenofobia, chantagem descarada, ameaças... repressão, violência física e, às vezes, crimes se tornaram comuns na Ucrânia", afirma o relatório, também lançado em russo. A divulgação do documento pode ter a intenção de reforçar a posição do chanceler russo, Sergei Lavrov, na reunião do Conselho da Europa em Viena na segunda e terça-feira. O ministério disse que pressionará o organismo de vigilância de direitos humanos para que ajude a Ucrânia a implantar reformas que Moscou considera necessárias para aliviar a tensão. O relatório nega as alegações ucranianas e ocidentais de que a Rússia tem forças no leste da Ucrânia e diz que as tropas reunidas na fronteira não planejam invadir. Mas Putin já disse que agiria para defender os falantes de russo que buscam ajuda de Moscou. Em um comunicado divulgado nesta segunda-feira, o ministério exortou Kiev a retirar as forças ucranianas mobilizadas contra militantes pró-Rússia no leste e pediu que seus líderes "tenham juízo, detenham o banho de sangue, retirem as forças e finalmente se sentem à mesa de negociação".

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