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Rússia diz que novas sanções dos EUA ao Irã são inaceitáveis

Moscou é contra sanções que não sejam aprovadas pelo Conselho de Segurança

Atualização:

MOSCOU - A Rússia qualificou nesta terça-feira, 22, como "inaceitáveis" as novas sanções dos EUA aos setores financeiro e energético do Irã, e disse que elas prejudicarão quaisquer chances de retomada das negociações com Teerã.

 

Veja também:NA ÍNTEGRA: O relatório da AIEA (em inglês)Brasil tende a rejeitar adoção de novas sançõesESPECIAL: Tambores de guerra no Oriente MédioESPECIAL: O programa nuclear do IrãHOTSITE: A tensão entre Israel e o IrãUma nota em termos incisivos ressaltou a tradicional posição de Moscou contra sanções que não sejam aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU, onde a Rússia tem poder de veto como membro permanente. Desde 2006, o Conselho aprovou quatro pacotes de sanções limitadas contra o Irã. "Voltamos a salientar que a Federação Russa considera tais medidas extraterritoriais inaceitáveis e contrárias ao direito internacional", disse no comunicado o porta-voz da chancelaria, Alexander Lukashevich. A nota indica que, apesar da unidade demonstrada na semana passada pelas grandes potências ao aprovarem na agência nuclear da ONU uma resolução expressando preocupação com as atividades iranianas, a Rússia continua a divergir fortemente do Ocidente a respeito de como obter a cooperação de Teerã. Os EUA e seus aliados desconfiam que o Irã esteja tentando desenvolver armas nucleares. Teerã nega, insistindo que seu programa atômico se destina apenas à geração de energia com fins civis. Na segunda-feira, o Tesouro norte-americano qualificou o Irã como uma área de "preocupação primária com a lavagem de dinheiro", num esforço para dissuadir bancos de fora dos EUA a fazerem negócios com Teerã. Os EUA também apontaram 11 entidades suspeitas de auxiliarem as atividades nucleares do Irã, e ampliaram as sanções de modo a incluírem companhias que auxiliam os setores petrolífero e petroquímico. A Grã-Bretanha e o Canadá também anunciaram novas sanções contra os setores energético e financeiro do Irã, ao passo que a França propôs medidas como o congelamento dos ativos do Banco Central iraniano e a suspensão da compra de petróleo do país. A Rússia tem significativos laços comerciais com o Irã, e construiu uma usina nuclear, a primeira da República Islâmica, que começará a operar neste ano. Analistas dizem que Moscou vê menos risco que o Ocidente de o Irã adquirir armas nucleares num futuro próximo, e usa os seus laços com Teerã para alavancar suas relações com os Estados Unidos, seu ex-inimigo da Guerra Fria. A aprovação russa das sanções contra o Irã na ONU - a última delas em 2010 - agradou aos EUA, num momento em que as relações entre Moscou e Washington estavam numa fase de distensão. Agora, em meio a um impasse a respeito da instalação de um escudo antimísseis dos EUA na Europa, e com a hipótese de um republicano crítico a Moscou ser eleito para a Casa Branca em 2012, o Kremlin parece ver pouca vantagem em apoiar novas sanções a Teerã.

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