Rússia precisa de sociedade civil mais ativa, diz Merkel a Putin

PUBLICIDADE

Atualização:

O presidente russo, Vladimir Putin, desembarcou na Alemanha neste domingo sob protestos a respeito da política de direitos humanos e democracia em seu país, e foi alertado pela chanceler alemã, Angela Merkel, que a Rússia necessita de uma sociedade civil mais ativa para se desenvolver. Em visita à Alemanha e à Holanda para supostamente discutir relações comerciais, Putin viu o foco das conversas mudar depois que veio à tona uma onda de fiscalizações do governo russo sobre organizações não-governamentais (ONGs), muito criticada na Europa. Em discurso na abertura de uma feira industrial cujo enfoque era a Rússia, Merkel disse a Putin que o país deve crescer a partir dos investimentos em infraestrutura, aproveitando a farta oferta de matéria-prima existente, mas que a Alemanha poderia ajudar em inovação e na diversificação dos negócios. "Mas acreditamos que essa parceria pode acontecer quando houver uma sociedade civil mais ativa", disse a chanceler. "Nós devemos intensificar essa discussão, desenvolver nossas ideias, mas, sobretudo, devemos dar às ONGs, que são um motor para a inovação, uma grande oportunidade na Rússia", acrescentou Merkel, sob muitos aplausos. Tanto Alemanha como Holanda estabelecem relações estreitas com a Rússia em função do setor de energia e ainda veem no país um importante mercado para exportações que vão desde o comércio de Volskwagen Touaregs às tulipas, mas não enxergam com bons olhos a expansão do petróleo e gás russo e o tratamento que Putin dá aos seus oponentes e ativistas no Kremlin. Merkel se viu pressionada a expressar sua preocupação com Putin, não apenas na questão das ONGs, mas também a respeito das diferenças entre os países em relação à guerra civil na Síria e ao resgate financeiro ao Chipre, este orquestrado pela Alemanha e alvo de duras críticas do governo russo. As conversas da chanceler alemã com Putin incluíam "assuntos controversos", disse ela a jornalistas durante a feira. Em seu discurso no evento, Putin realçou o poderio da economia russa, lembrando que "apesar da crise financeira global, o país vem se desenvolvendo de forma positiva". Do lado de fora, centenas de manifestantes se reuniam, alguns com bandeiras da Síria, outros usando máscaras do diabo ou mostrando imagens de Putin em vestes de prisioneiro. "Chega de terror político", dizia uma das faixas. Em entrevista realizada dias antes, Putin havia minimizado as críticas a respeito das fiscalizações nas ONGs e disse que não vai suspender a visita, dando de ombros à sua rejeição na Europa ocidental, preocupada com as políticas locais na Rússia. (Por Maria Sheahan e Alexei Anishchuk)

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.