Rússia quer enfraquecer o Ocidente, diz general da Otan

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Por ANDREW GRAY
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A Rússia parece disposta a enfraquecer as instituições ocidentais, e as suas relações com a Otan devem piorar nos próximos anos, atingindo seu pior ponto desde o fim da Guerra Fria, disse um comandante da aliança militar ocidental na terça-feira. O general norte-americano John Craddock disse que a ação militar de 2008 da Rússia na Geórgia acabou com a pressuposição feita pela Otan de que, com o fim da União Soviética, nenhum país estaria mais sob ameaça de invasão na Europa ou na Eurásia. "Essa suposição agora se provou falsa", disse Craddock, comandante geral da Otan na Europa, à Comissão de Serviços Armados do Senado dos EUA. "A Rússia parece determinada a ver as instituições de segurança euro-atlânticas enfraquecidas, e demonstrou preparo para usar a influência econômica e a força militar para alcançar seus objetivos", disse Craddock em depoimento por escrito. Nos últimos anos, a Rússia tem adotado posições mais assertivas em sua política externa, criticando os EUA reiteradamente e exibindo seu poderio em agosto, quando enviou soldados para apoiar os separatistas da Ossétia do Sul e Abkházia contra as forças da Geórgia. Moscou também exibiu sua força econômica ao cortar o abastecimento de gás para a Europa, em janeiro, em meio a uma disputa comercial com a Ucrânia. "Os líderes russos, política e militarmente, sinalizaram que a porta permanece aberta para uma cooperação mais estreita", escreveu Craddock. "Não obstante, suas ações na Geórgia em agosto de 2008 e com o fornecimento de gás natural para a Europa em janeiro de 2009 sugerem que sua intenção geral pode ser enfraquecer a solidariedade europeia e reduzir sistematicamente a influência dos EUA." Desde que tomou posse, em janeiro, o governo de Barack Obama promete "reiniciar" as relações dos EUA com a Rússia, uma abertura que Moscou tem elogiado. Mas não está claro se os dois países conseguirão superar as diferenças que surgiram durante o governo Bush a respeito de vários temas, como a instalação de um escudo antimísseis dos EUA no Leste Europeu, a possível ampliação da Otan para países ex-soviéticos e a cooperação contra o programa nuclear iraniano. Apesar das tensões, Craddock disse que os militares dos EUA estão prontos para colaborarem com as forças russas. EUA e Otan romperam seus contatos rotineiros com os militares russos depois da breve guerra da Geórgia. Chanceleres da Otan decidiram neste mês retomar os contatos formais depois da cúpula da aliança nos dias 3 e 4 de abril. (Reportagem adicional de David Morgan)

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