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Rússia também quer limitar armas convencionais dos EUA

Por STEVE GUTTERMAN
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A Rússia alertou nesta terça-feira os Estados Unidos de que colocar ogivas convencionais em mísseis de longo alcance irá ameaçar a visão do presidente Barack Obama de um mundo livre de armas nucleares. Dois dias antes da assinatura de um histórico tratado de armas nucleares entre Obama e seu colega russo, Dmitry Medvedev, o chanceler Sergei Lavrov também repetiu a ameaça russa de abandonar o tratado se o país se sentir ameaçado pelos planos de defesa antimísseis dos Estados Unidos. Mas ele sugeriu que tais planos dificilmente representarão uma ameaça no futuro próximo. De acordo com o tratado Start 2, a ser assinado na quinta-feira, em Praga, os dois ex-inimigos da Guerra Fria se comprometerão a reduzir em cerca de 30 por cento os seus arsenais nucleares instalados. A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse a jornalistas em Washington que desconhecia as declarações de Lavrov, mas que "não é surpresa que os russos continuem preocupados com o nosso programa de defesa de mísseis." "O tratado Start não tem a ver com a defesa de mísseis", acrescentou ela. Lavrov afirmou que a Rússia compartilha a meta de acabar com as armas nucleares no mundo, conforme propôs Obama no ano passado em Praga, mas deixou claro que Moscou espera garantias de que não acabará em desvantagem estratégica. "Acreditamos que o objetivo final de um mundo sem armas nucleares seja muito importante", disse Lavrov em entrevista coletiva. "Mas está claro que é impossível avançar para esta meta num vácuo." Entre os potenciais obstáculos para a concretização dessa meta, disse ele, estaria o surgimento de armas instaladas no espaço e de mísseis estratégicos que usem ogivas convencionais. "Para avançar para um mundo livre de armas nucleares, é necessário resolver a questão das armas estratégicas ofensivas equipadas de modo não nuclear e das armas estratégicas em geral, que estão sendo trabalhadas pelos Estados Unidos, entre outros", declarou Lavrov. Obama admite que a meta de acabar com as armas nucleares pode não se concretizar ao longo da sua vida. Mas seu governo sinaliza ter esperanças de que novas reduções ocorram depois da ratificação do Start 2, que substitui uma versão anterior de 1991. Lavrov falou horas antes de Obama divulgar uma nova política oficial dos Estados Unidos que reduz a importância do arsenal nuclear como fator de dissuasão. (Reportagem adicional de Conor Sweeney e Arshad Mohammed, em Washington)

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