
09 de julho de 2012 | 13h03
'Enquanto a situação na Síria for insustentável, não haverá novas entregas de armas para lá', disse Vyacheslav Dzirkaln a jornalistas presentes no Show Aéreo de Farnborough, na Grã-Bretanha, segundo informou a agência de notícias russa Interfax.
A recusa de enviar mais armas para a Síria pode indicar a medida mais forte já tomada por Moscou para se distanciar do presidente sírio Bashar al-Assad, que foi defendido de sanções mais duras pelo governo russo no Conselho de Segurança.
Também pode acabar com até US$ 4 bilhões em contratos pendentes, incluindo caças e sistemas de defesa aérea que seriam entregues neste ano.
Um porta-voz do Serviço Federal para a Cooperação Técnica Militar de Dzirkaln não confirmou as declarações do vice-diretor quando foi contatado por telefone. A Reuters aguarda uma resposta a perguntas enviadas por escrito.
Embora seja totalmente legal, o comércio de armas da Rússia com a Síria aumentou temores de que Moscou esteja fornecendo a Assad as armas que estão sendo usadas contra manifestantes de um levante armado contra ele.
O presidente russo, Vladimir Putin, disse que as armas que seu país entrega não podem ser usadas em conflitos civis, e o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, disse que o fornecimento é de armas de defesa vendidas em contratos assinados há muito tempo.
Mas a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que as declarações russas de que as armas não têm relação com a violência na Síria são 'patentemente falsas', e Washington descreveu a entrega de uma grande remessa de armas russas como 'repreensível'.
CAÇAS
Dzirkaln teria dito que a Rússia, um dos maiores fornecedores de armas da Síria, não entregaria uma remessa de 36 caças Yak-130, um contrato que teria sido assinado no final do ano passado.
"Na atual situação, falar sobre entregas de aviões para a Síria é prematuro", ele disse.
O comércio de armas da Síria com Moscou data da era soviética. O governo sírio já assinou contratos de bilhões de dólares e abriga uma instalação de abastecimento e reparo no Mediterrâneo que é a única base naval da Rússia fora da ex-União Soviética.
No entanto, um analista russo disse que Moscou já se distanciou de Assad.
'A Rússia parou de assinar novos contratos com a Síria e está atrasando as entregas de contratos já assinados', disse para a Reuters Ruslan Aliyev, especialista no comércio russo-sírio de armas do think-tank CAST, sediado em Moscou.
'É basicamente uma decisão política, baseada na visão de Moscou da Síria'.
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