Russia vê chance de acordo em negociações nucleares com o Irã

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Por ALEXEI ANISHCHUK
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Um acordo pode ser alcançado neste mês entre as potências mundiais e o Irã, em relação à redução do programa nuclear do país, se houver vontade em Washington e Teerã, disse um alto diplomata russo, no sábado. Na Austrália, participando de uma reunião do G20, o vice-chanceler Sergei Ryabkov disse aos repórteres que seis potências mundiais e o Irã nunca estiveram tão próximos de um acordo e que ele pode ser alcançado até a data limite de 24 de novembro. “Portanto, de 18 a 24 de novembro, há tempo suficiente para que tais decisões sejam tomadas”, ele disse. “Mas não há nenhuma garantia que essas decisões serão tomadas nas capitais onde estão os maiores problemas com as soluções atuais, quer dizer, Washington e Teerã.” As seis potências --Rússia, China, EUA, França, Grã Bretanha e Alemanha-- querem garantir que o programa nuclear do Irã não permita a construção de armas nucleares, embora o Irã diga que seu programa nuclear é para necessidades civis. Ryabkov disse que Moscou continuará a cooperar com Washington em relação ao Irã e à Síria, apesar de um estremecimento nas relações entre os dois países, horas depois que o presidente norte-americano, Barack Obama, disse que as ações de Moscou na Ucrânia eram uma ameaça para o futuro. “As conversações sobre o Irã e a Síria não são um tributo à moda ou a interesses momentâneos, e menos ainda são uma intenção de 'agradar' os EUA”, disse. “Essa cooperação atende aos nossos interesses e ajuda a normalizar a situação global, e nós vamos continuar com ela. Se fosse por outros motivos, teríamos encerrado essa atividade há muito tempo.” Algumas autoridades, inclusive da Rússia, expressaram dúvidas de que um acordo possa ser alcançado dentro do prazo. Ryabkov também disse que depois que o presidente Vladimir Putin e Obama conversaram na China, durante uma reunião de cúpula, não houve um novo impulso para a “normalização” das relações bilaterais. Os laços entre Moscou e Washington caíram para níveis nunca vistos desde o fim da Guerra Fria, por causa da Ucrânia, desde que a Rússia anexou a Criméia em março e é acusada pelo Ocidente de mandar armas e soldados para apoiar uma rebelião separatista no leste da Ucrânia. Moscou nega as acusações e criticou os EUA por impor sanções à Rússia por causa da Ucrânia. “A responsabilidade pela estagnação do nosso relacionamento é inteiramente do lado dos EUA”, disse Ryabkov. “As relações com os EUA estão ruins e vai levar muito tempo para normalizá-las e estabilizá-las”, mas é necessário que haja um esforço de ambos os lados.”

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