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Rússia veta importação de alimentos do Ocidente em retaliação a sanções

Medida é retaliação às sanções impostas por EUA e UE ao país

Por POLINA DEVITT E NATALIA ZINETS
Atualização:

A Rússia proibiu a importação da maioria dos alimentos vindos do Ocidente nesta quinta-feira em retaliação às sanções impostas por seu envolvimento na crise na Ucrânia, uma medida mais austera do que o esperado e que afasta os consumidores russos do comércio mundial em uma escala inédita desde os tempos soviéticos. No leste ucraniano, uma equipe de resgate holandesa cancelou seu trabalho no local onde um avião comercial malaio foi abatido sob território rebelde no mês passado, alegando que a escalada nos combates nas proximidades tornou a localidade muito perigosa.

Governo russo proibiu importação de carne de boi e de porco, frutas, vegetais, aves, peixe, queijo, leite e laticínios dos EUA e da UE Foto: REUTERS/Maxim Zmeyev

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O secretário-geral da Organização para o Tratado do Atlântico Norte (Otan), em visita a Kiev para mostrar apoio à Ucrânia, pediu contenção à Rússia, que está a um passo da guerra com o vizinho. A aliança militar ocidental diz que Moscou reuniu tropas na fronteira em preparação a uma possível invasão terrestre.

O governo russo impôs uma suspensão de um ano às importações de carne, peixe, laticínios, frutas e verduras dos Estados Unidos, dos 28 países da União Europeia, do Canadá, da Austrália e da Noruega.

A Rússia se tornou de longe a maior consumidora de frutas e verduras da UE, a segunda maior compradora de frango dos EUA e grande consumidora de peixe, carne e laticínios.

As proibições não incluem itens alimentícios como grãos, óleos comestíveis, açúcar, café, chá e cacau. A Rússia gastou 25,5 bilhões de dólares no ano passado em importações das categorias afetadas, sendo 9,2 bilhões de dólares dos países atingidos pelos vetos.

O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a seu governo que adote medidas em retaliação a países ocidentais que impuseram sanções aos setores de defesa, petróleo e finanças devido ao apoio russo aos rebeldes separatistas do leste ucraniano.

Putin havia garantido que as ações não irão prejudicar os consumidores russos, o que leva a crer que ele pode excluir itens populares, mas os vetos anunciados pelo primeiro-ministro, Dmitry Medvedev, não mencionaram quaisquer exceções.

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O ministro da Agricultura, Nikolai Fyodorov, admitiu que as medidas causarão um aumento de curto prazo na inflação, mas declarou não ver perigo no médio ou longo prazo. A Rússia compensará as importações com outros fornecedores, comprando carne do Brasil e queijo da Nova Zelândia.

A Comissão Executiva da UE disse se reservar o direito de retaliar as proibições russas.

Os alimentos representam uma fração pequena das importações russas do Ocidente, mas os vetos terão um impacto desproporcional em agricultores de setores específicos e em países produtores, e ainda nos consumidores russos, que encontrarão preços mais altos e escassez, enquanto o rublo perde valor e a inflação já cresce.

(Reportagem adicional da Reuters Moscou, de Richard Balmforth, em Kiev; de Tom Miles, em Genebra; de Andrew Deutsch, em Amsterdã; de Anton Zverev e Dmitry Zhdannikov, em Moscou; de Maria Tsvetkova, em Donetsk; de Barbara Lewis, em Bruxelas; e de Isla Binnie, em Roma)

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