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Sarkozy é questionado por magistrados sobre fundos de campanha de 2007

Pela 1ª vez, desde que perdeu a Presidência, o ex-presidente é perguntado sobre escândalo que prejudica tentativa de retorno

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BORDEAUX, FRANÇA - O ex-presidente francês Nicolas Sarkozy foi interrogado nesta quinta-feira, 22, por magistrados que tentam determinar se ele recebeu fundos ilegais de campanha da mulher mais rica da França, quando ele concorreu à Presidência em 2007. Foi a primeira vez desde que perdeu a Presidência - e a imunidade jurídica ligada a ela - em maio, que ele foi questionado sobre o escândalo que poderia prejudicar qualquer tentativa de retorno, algo pelo qual muitos conservadores estão ansiando. Centenas de policiais montavam guarda enquanto Sarkozy, de 57 anos, chegava para enfrentar os investigadores a portas fechadas no Palácio da Justiça, na cidade de Bordeaux, sudoeste da França. Em um inquérito mais amplo, os magistrados estão avaliando 4 milhões de euros (US$ 5 milhões) de saques das contas bancárias suíças de Liliane Bettencourt, herdeira do império de cosméticos L'Oreal. Sarkozy nega qualquer irregularidade, mas qualquer investigação legal pode manchá-lo com suspeitas que podem danificar suas chances de concorrer na eleição presidencial de 2017, que uma pesquisa recente mostrou que 52% de seus partidários querem vê-lo na disputa. Esse apoio é duas a três vezes maior do que o de qualquer um dos dois homens lutando para sucedê-lo, François Fillon e Jean-Francois Cope. Uma disputa indecorosa pela liderança entre os dois aprofundou fissuras ideológicas dentro do partido de centro-direita UMP. Como parte da investigação sobre as relações financeiras com Bettencourt, a polícia invadiu a residência de Sarkozy e seus escritórios em Paris, em julho. O juiz Jean-Michel Gentil pode decidir, após sua primeira sessão de perguntas, se coloca Sarkozy em uma investigação judicial completa. Tais investigações não conduzem automaticamente a um julgamento e muitas vezes leva meses ou anos para serem concluídas. Suspeitas iniciais foram alimentadas três anos atrás quando uma mulher que trabalhava como contadora para a mentalmente frágil Bettencourt, agora com 90 anos, alegou que os saques foram destinados para a campanha de Sarkozy. O caso Bettencourt não é a única nuvem no horizonte do ex-presidente. Advogados também estão exigindo que Sarkozy se explique em outros dois casos, um relativo aos termos de uma venda de submarinos para o Paquistão e outro sobre despesas em pesquisas de opinião por seu gabinete, quando ele era presidente. Desde sua derrota nas eleições para o esquerdista François Hollande - que levou o UMP para a oposição depois de uma década no poder - Sarkozy seguiu a carreira de outros ex-líderes, como Bill Clinton e Tony Blair, tornando-se um palestrante estrela.

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