PARIS - O presidente da França, Nicolas Sarkozy, denunciou nesta segunda-feira, 12, "calúnias" e "mentiras" contra ele relacionadas com sua ligação com supostas irregularidades fiscais e eleitorais envolvendo a bilionária herdeira da L'Oréal, Liliane Bettencourt.
Sarkozy disse ter "total confiança" no ministro do Trabalho, Eric Woerth, também envolvido na polêmica, e ressaltou que ele levará adiante a reforma da previdência, um dos principais projetos do Governo francês. Entrevistado pelo canal de televisão "France 2", o presidente assegurou que está preparado para enfrentar o que chama de uma "campanha" contra ele.
Foi a primeira aparição pública de Sarkozy para falar da polêmica, que envolveria fraude fiscal pela herdeira da L'Oréal e um suposto financiamento ilegal à União por um Movimento Popular (UMP), que, em 2007, levou o hoje presidente à chefia de Estado.
O presidente reconheceu ter recomendado a Woerth que deixasse a tesouraria da UMP e ligou os ataques a seu ministro à resistência da oposição política ao projeto de reforma da previdência, que pretende atrasar em dois anos (para 62) a idade legal de aposentadoria.
Sarkozy defendeu sua transparência na Presidência - segundo ele é a primeira a passar pelo controle do Tribunal de Contas - e a saída recente do Governo de dois de seus membros, que tiveram seus gastos excessivos muitos criticados na França.
O presidente, porém, optou pela defensiva especialmente em relação às declarações de pessoas próximas a Liliane Bettencourt. "É uma perda de tempo", assegurou Sarkozy, que disse não poder se considerar um assíduo da casa da bilionária, já que esteve ali "duas ou três vezes" ao longo de 17 anos.
Segundo disse na entrevista, realizada nos jardins do Palácio do Eliseu, os franceses não estão interessados nos detalhes do caso L'Oréal, mas em que o país "saia da crise".
Buscas
A Polícia francesa realizou buscas nesta segunda na casa de Liliane e um amigo próximo, o fotógrafo Francois-Marie Banier, para tentar encontrar documentos que pudessem comprovar o envolvimento de Sarkozy no caso. As buscas ocorreram pouco antes de Sarkozy dar a coletiva na televisão.