Sarkozy remodela governo em resposta à derrota em eleições regionais

Coalizão de esquerda venceu pleito em 23 das 26 regiões da França

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PARIS - O presidente da França, Nicolas Sarkozy, decidiu remodelar seu governo depois da dura derrota de seu partido nas eleições regionais. Os resultados do pleito mostraram que 23 das 26 regiões do país estão sob comando da coalizão de esquerda.

 

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Sarkozy dedicou o dia para realizar reuniões com boa parte das lideranças da direita, começando com o primeiro-ministro François Fillon, que assumiu "sua parte da responsabilidade" a respeito da derrota sofrida no segundo turno das eleições regionais, realizado neste domingo.

 

O ministro do Trabalho, Xavier Darcos, foi substituído pelo ministro das Finanças, Eric Woerth. Para a pasta de Finanças, foi indicado François Baroin, que foi ministro do Interior em 2007. Darcos sofreu uma das piores derrotas da situação na região de Aquitaine.

 

Segundo os números divulgados pelas atividades eleitorais do país, as candidaturas de esquerda receberam 54,11% dos votos, enquanto a União do Movimento Popular, coalizão conservadora de Sarkozy, recebeu 35,37%. O nível de abstenção dos eleitores chegou a 48,92%, a o que muitos especialistas atribuem como um dos motivos da esmagadora vitória da oposição.

 

A esquerda não conseguia uma vitória dessa dimensão desde as eleições de 1981. Com o triunfo, controlará 21 das 22 regiões da França metropolitana, além de Guadalupe e Martinica. A coalizão é formada por socialistas, ecologistas e a Frente de Esquerda, partido de origem comunista.

 

A expectativa é que Sarkozy reemposse vários dos ministros que deixaram seus cargos para disputar as eleições regionais. Nenhum deles, porém, conseguiu vencer o candidato opositor. O presidente deve "sacrificar" alguns ministros para reequilibrar as forças do partido após a derrota, e segundo membros da própria coalizão de Sarkozy adiantaram que serão realizadas mudanças de caráter técnico para remodelar a política, conforme exigência da esquerda.

 

Os socialistas tentaram dar projeção aos seus triunfos em cada região com um discurso nacional, com clara vontade de preparar o terreno para as eleições presidenciais de 2012. O porta-voz do partido, Benoît Hamon, exortou Sarkozy a realizar uma "mudança profunda" em suas políticas de caráter "social", pois uma "simples remodelação não será o suficiente para corresponder à expectativa dos franceses".

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Villepin

 

Além dos reflexos das derrotas nas eleições regionais, Sarkozy poderá ter mais problemas no pleito presidencial de 2012. O ex-primeiro-ministro Dominique de Villepin pretende criar um novo partido de centro-direita para desafiar a coalizão do atual presidente.

 

"Villepin vai se dedicar a apresentar um novo projeto para a França, uma alternativa para 2012, simplesmente porque é absolutamente necessário", disse François Goulard, membro da UMP e aliado do ex-premiê de longa data, à rádio France Inter. "Lançaremos o partido em junho", disse.

 

Segundo Goulard, o novo partido criará uma plataforma para as eleições de 2012. Espera-se que o anúncio oficial da formação de uma nova coalizão seja feito na quinta-feira pelo próprio Villepin.

 

O ex-premiê tem boas chances de chegar à presidência caso realmente dispute as eleições. Uma pesquisa divulgada pelo jornal Le Parisien nesta segunda-feira o coloca à frente de qualquer outro candidato da centro-direita, inclusive de Fillon e Sarkozy.

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