Sarkozy sugere a comissária europeia que receba ciganos em seu país natal

Presidente responde críticas de representante da UE sobre política de deportações

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PARIS - O presidente da França, Nicolas Sarkozy, sugeriu em tom irônico à comissária europeia de Justiça, Viviane Reding, que receba os ciganos em Luxemburgo, país natal da representante da União Europeia, indicaram senadores de direita nesta quarta-feira, 15. As informações são da agência AFP.

 

 

A declaração de Sarkozy foi uma resposta às críticas feitas por Viviane na terça-feira, quando chamou a política de deportação de ciganos do presidente francês de vergonhosa. "Nenhum estado membro pode esperar um tratamento especial quando o que está em questão são os direitos humanos", disse a comissária. Ela também ameaçou tomar medidas contra a França na justiça europeia.

 

"Sarkozy disse que não faz mais que aplicar os regulamentos europeus, as leis francesas e que não há absolutamente nada para a França ser reprovada nessa questão, mas disse que se os luxemburgueses quiserem receber os ciganos, não haveria nenhum problema", disse Bruno Sido, um senador do partido de Sarkozy.

 

O presidente disse que sua "política é correta e que é escandaloso que a Europa se expresse dessa forma sobre o que a França faz". Ele acrescentou que "dará explicações na quinta", durante um conselho de chefes de Estados europeus em Bruxelas.

 

O senador Michel Houel confirmou as declarações do presidente. Embora tenha dito que Sarkozy "não falou exatamente assim" sobre o envio dos ciganos a Luxemburgo, o parlamentar disse que "foi isso o que ele quis dizer".

 

O ministro de Relações Exteriores de Luxemburgo, Jean Asselborn, classificou como "mal intencionadas" as declarações de Sarkozy. "Misturar a nacionalidade da comissária à questão é uma ato mal intencionado. Sei que Sarkozy tem problemas com luxemburgueses, mas não precisa exagerar", disse o chanceler.

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Também nesta quarta, o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durao Barroso, respaldou as críticas de Reding quanto às políticas de redução da criminalidade e de combate à imigração ilegal de Sarkozy, mas não concordou com a menção da secretária sobre a Segunda Guerra Mundial, quando ela comparou a França atual com o país na época do conflito.

 

As autoridades francesas dizem que a deportação dos ciganos é voluntária e rebatem as críticas dos órgãos internacionais e da oposição dizendo que o processo ocorre dentro das leis europeias e francesas.

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