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Sérvia apelará de decisão do Reino Unido contra extradição de Ganic

Ex-líder bósnio acusado por Belgrado de crimes de guerra está detido em Londres desde março

Por Efe
Atualização:

BELGRADO- A Sérvia anunciou nesta terça-feira, 26, que apelará da decisão da Justiça britânica que negou a extradição por parte do Reino Unido de Ejup Ganic, ex-líder bósnio-muçulmano detido em Londres.

 

Veja também:linkJuiz britânico nega extradição de ex-líder bósnio para a Sérvia

 

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Ganic foi preso no dia 1º de março em cumprimento de uma ordem de busca e prisão emitida pela Sérvia, que o acusa de crimes de guerra. O país balcânico solicitou imediatamente sua extradição.

 

"Existe o direito à apelação, e a estudaremos. Respeitamos a decisão do juiz, mas vamos adiante. Este é só o primeiro tempo", declarou Bruno Vekaric, promotor adjunto sérvio de crimes de guerra.

 

"Este problema pode ser solucionado em um diálogo entre os órgãos judiciais. O caso Ganic é um caso de como a falta de comunicação pode levar a coisas ruins, ao seu uso em nível político, algo que é nocivo" para a Sérvia e a Bósnia-Herzegovina, acrescentou Vekaric.

 

Um juiz da Corte de Magistrados de Westminster, em Londres, decidiu hoje contra o processo de extradição de Ganic solicitado pela Sérvia.

 

Segundo o juiz Timothy Workman, há evidências de uma "motivação política" por trás deste processo.

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Workman lembrou que houve duas investigações separadas para determinar se havia provas contra Ganic: uma realizada pelo Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII), que concluiu que não existiam tais provas, e outra da Procuradoria bósnia, que considerou que havia motivações políticas no caso.

 

Em Sarajevo, o ocupante rotativo da presidência bósnia, o croata Zeljko Komsic, comemorou a "correta" decisão do tribunal londrino.

 

Vários políticos servo-bósnios chamaram a decisão de "política" e como "mais uma bofetada" na Sérvia e na parte sérvia da Bósnia.

 

Ex-vice-presidente da Bósnia e ex-membro da presidência do país durante a guerra (1992-1995), Ganic está na lista de 19 pessoas procuradas por Belgrado como suspeitas de crimes de guerra contra soldados da antiga Iugoslávia em Sarajevo no início do conflito bósnio, em 1992.

 

As autoridades sérvias investigam o ocorrido em maio de 1992 em Sarajevo, quando soldados e oficiais do Exército da ex-Iugoslávia foram mortos e feridos em uma emboscada quando deixavam a capital bósnia.

 

Ganic, de 64 anos, foi um dos mais próximos colaboradores do então presidente da Bósnia e líder muçulmano, Alija Izetbegovic, durante a guerra bósnia.

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