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Somos mulheres, não bonecas, dizem partidárias de Berlusconi

Por CATHERINE HORNBY
Atualização:

O partido de Silvio Berlusconi convidou partidárias para assinar um manifesto dizendo que sua decisão de votar nele não as tornava merecedoras de ridicularização. "Eu sou uma mulher, não uma boneca", começa o manifesto no site do partido e impresso em um anúncio de página inteira nos principais jornais da Itália antes da eleição geral em que o partido de centro-direita de Berlusconi provavelmente perderá. Críticos acusam o ex-primeiro-ministro de escolher políticas mulheres com base na aparência, e explorar atrizes de pouca roupa em seus programas de televisão. Mas mesmo com Berlusconi em julgamento por acusação de ter tido relações sexuais com uma prostituta menor de idade nas festas "Bunga Bunga", muitas mulheres de meia idade permanecem entre as suas partidárias mais leais. O líder de centro-esquerda Pier Luigi Bersani, cotado para ganhar a eleição no domingo e na segunda-feira, acusou Berlusconi de tratar as mulheres como "bonecas infláveis". E, depois de anunciar que as mulheres representariam 40 por cento dos integrantes do seu partido no parlamento, Bersani disse na semana passada: "Eu vou ter que perguntar a Berlusconi quantas bonecas ele vai trazer", aparentemente usando um termo que reflete o que ele considera uma atitude machista de seu rival. Mas o partido Povo da Liberdade (PDL), de Berlusconi, respondeu a Bersani, tacitamente acusando-o de machismo. "Vamos votar em Berlusconi, e estamos cansadas de sermos consideradas mulheres de segunda classe por causa disso", dizia o manifesto que foi assinado por mulheres que vão de donas de casa a gestoras de empresas, com fotografias de três mulheres sorridentes. Outro jornal descobriu que as fotografias, em vez de serem de mulheres reais que assinaram o manifesto, foram retiradas do site de uma empresa de publicidade russa, levando um candidato do PDL a emitir uma garantia: "as 200 assinaturas no manifesto são de mulheres reais, de carne e osso". No início desta semana, uma mulher de 30 anos foi à televisão para exigir desculpas de Berlusconi a todas as mulheres italianas, depois que ele fez piadas sugestivas sobre ela quando dividiu o palco em um evento corporativo. "Berlusconi adora uma piada, e ele não estava tentando ofender ninguém", afirmou sua ex-ministra da Educação Mariastella Gelmini, em uma coletiva de imprensa para lançar o manifesto, quando perguntada sobre o incidente. Dois anos atrás, mais de um milhão de italianos se juntaram a manifestações de rua em protesto contra o tratamento de Berlusconi às mulheres enquanto ele era primeiro-ministro, à medida que surgiam detalhes escabrosos de suas festas com dançarinas. Rosy Bindi, uma política de centro-esquerda que tem sido frequentemente alvo de piadas de Berlusconi sobre sua aparência de matrona, disse à Reuters em 2011 que as mulheres se voltariam contra o bilionário quando a Itália fosse às urnas. Mas uma pesquisa realizada pelo instituto de pesquisa SWG este mês mostrou que as donas de casa eram o segundo maior grupo de fãs de Berlusconi depois de proprietários de pequenas empresas.

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