Suposto guarda nazista é extraditado dos EUA para Alemanha

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Por AYHAN UYANHIK E CHRISTIAN KRAEMER
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O suposto guarda de um campo de concentração nazista John Demjanjuk chegou nesta terça-feira à Alemanha após ser extraditado dos Estados Unidos para enfrentar um processo no qual é acusado de ajudar a matar 29.000 judeus em 1943, no que pode ser o último grande julgamento nazista da Alemanha. Carros de polícias e ambulâncias cercaram o avião de Demjanjuk assim que ele pousou no aeroporto de Munique, no sul da Alemanha. Anton Winkler, da promotoria pública de Munique, disse que um médico examinaria o homem de 89 anos e, se ele estivesse em condições de ser transportado, seria levado de imediato para a prisão Stadelheim, perto de Munique. Demjanjuk lidera a lista dos 10 suspeitos mais procurados pelo Centro Simon Wiesenthal, e um juiz de Munique expediu um mandado de prisão em março para julgá-lo por supostamente ter ajudado nos assassinatos do campo de concentração Sobibor. Mais de 60 anos após a 2a Guerra Mundial e o Holocausto, a cobertura da mídia na Alemanha sobre o caso tem sido restrita, com muitos alemães, especialmente os mais jovens que não viveram a guerra, ávidos por informações sobre o passado nazista. A extradição marca o fim de uma prolongada batalha pelo aposentado metalúrgico, que havia contestado sua deportação por meses. Nascido na Ucrânia, Demjanjuk nega qualquer participação no Holocausto. O Centro Simon Wiesenthal saudou a deportação. "Agora John Demjanjuk vai finalmente enfrentar a Justiça pelos crimes inexprimíveis que ele cometeu durante a 2a Guerra Mundial, no que será provavelmente o último julgamento de um criminoso de guerra nazista", disse o rabino Marvin Hier em um comunicado. O Centro afirma que Demjanjuk empurrou homens, mulheres e crianças para as câmaras de gás no centro de Sobibor, numa região que hoje é da Polônia. "Ele merece ser punido", acrescentou Hier. Demjanjuk perdeu sua cidadania norte-americana após ter sido acusado em 1970 de ser "Ivan o Terrível", um guarda conhecidamente sádico do campo de concentração Treblinka. Ele foi extraditado para Israel em 1986, e sentenciado a morte em 1988 após sobreviventes do Holocausto terem o identificado como o guarda de Treblinka. Mas a Suprema Corte de Israel reviu a sentença, após evidências de que outro homem era o provável "Ivan". Ele reconquistou a cidadania em 1998, mas o Departamento de Justiça dos EUA reviu o caso em 1999, argumentando que ele trabalhou para os nazistas como guarda em três outros campos e escondeu esse fato. Sua cidadania dos EUA foi retirada novamente em 2002. (Reportagem adicional de Paul Carrel, Sarah Marsh, Brian Rohan e Madeline Chambers)

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