'The Guardian' e 'Times' deixam de apoiar partido de Gordon Brown

Há menos de uma semana das eleições, principais jornais do Reino Unido trocam de posição política

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Atualização:

Efe e Reuters

 

 

LONDRES- Dois grandes jornais britânicos viraram suas costas para o governista Partido Trabalhista e começaram a defender a oposição, em uma surpresa para o primeiro-ministro Gordon Brown a menos de uma semana das eleições gerais no Reino Unido.

 

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O The Guardian, tradicionalmente um fiel apoiador trabalhista, afirmou que passou a endossar o Partido Liberal Democrata, o terceiro no cenário político britânico, porque este era o melhor jeito de conseguir uma reforma política.

 

O Times, por sua vez, declarou que estava trocando os trabalhistas pelos conservadores, porque estes apoiam suas visões de reduzir o tamanho do governo e agir rápido para evitar um déficit público recorde.

 

"Se o Guardian tivesse voto nas eleições gerais de 2010, o depositaria com entusiasmo em favor dos liberais-democratas", afirmou o jornal em um editorial, publicado anteriormente na edição digital do periódico, tradicionalmente favorável aos trabalhistas.

 

O texto diz que o jornal toma partido por essa coligação sabendo que "nem todas as consequências são previsíveis e que algumas deveriam ser evitadas (em referência a um Parlamento sem maioria absoluta" e que o faz "com importantes reservas e frustrações".

 

Feitas essas ressalvas, a principal razão para a mudança de posição, segundo o jornal, é porque o partido de Nick Clegg "oferece ao povo britânico uma oportunidade enorme, a de reformar o sistema eleitoral" e de superar "as velhas políticas esgotadas".

 

O sistema eleitoral britânico não permite que a vontade dos eleitores se reflita fielmente na formação do Parlamento, beneficiando aos grandes partidos (o Trabalhista e o Conservador), e o Guardian considera que os liberais-democratas são os únicos que estariam realmente dispostos a mudá-lo.

 

O jornal, que sempre esteve longe das propostas dos "tories", também afirma que se a eleição fosse uma corrida entre os conservadores e os trabalhistas, o país estaria mais seguro nas mãos do partido do primeiro-ministro, Gordon Brown.

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O editorial reconhece o trabalho realizado pelo governo de Brown para enfrentar a recessão econômica, mas argumenta que "essas eleições são mais que um veredicto sobre a resposta dada a um único trauma, por imenso que seja".

 

"É um veredicto sobre os muitos anos de governo trabalhista e sobre os três anos de Gordon Brown como primeiro-ministro", afirma o Guardian.

 

"Ante a perspectiva de mais cinco anos de governo trabalhista e de Gordon Brown como primeiro-ministro é difícil se entusiasmar", conclui o editorial, que reitera que o programa político dos liberais-democratas é o que mais concorda com seus postulados.

 

Times

 

O Times afirmou que enquanto a campanha tem sido "eletrificada" pela ascensão de Nick Clegg, os liberais-democratas ainda precisam contruir uma plataforma séria para se prepararem para o governo.

 

"A economia está quebrada e a política também. É hora para mudança, tanto na filosofia quanto no estilo de governo", escreveu o jornal em um editorial publicado em sua versão digital nesta sexta.

 

"David Cameron tem mostrado a força, discernimento e caráter para liderar esse país de voltar para um futuro mais saudável e mais forte", declarou.

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Na quinta, a influente revista The Economist retirou seu apoio aos trabalhadores em favor dos conservadores, afirmando que estes pareciam o partido mais adequado para reduzir o tamanho do setor público.

 

Notícia atualizada às 18h50 para acréscimo de informações

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