UE vê novo bloco opositor sírio como 'representante legítimo'

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Por SEBASTIAN MOFFETT
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Ministros europeus de Relações Exteriores disseram nesta segunda-feira que consideram a nova oposição síria como a "representante legítima" do povo daquele país, mas não chegaram a oferecer o mesmo reconhecimento pleno concedido pela França. A União Europeia há meses pede que a oposição ao presidente sírio, Bashar al-Assad, se unifique. Na semana passada, a França se tornou a primeira potência europeia a reconhecer a Coalizão Nacional Síria como representante única do povo da Síria. Mas outros governos ocidentais veem com receio a presença de radicais islâmicos entre os rebeldes que lutam para derrubar Assad e demonstram preocupação também com as denúncias feitas pela Organização das Nações Unidas (ONU) de que insurgentes teriam cometido crimes de guerra. Reunidos em Bruxelas, os 27 ministros de Relações Exteriores do bloco saudaram a nova formação da coalizão e pediram que ela trate de ser totalmente inclusiva e adira aos princípios dos direitos humanos e da democracia. "A UE os considera representantes legítimos das aspirações do povo sírio", disseram os ministros em nota. "Este acordo representa um passo importante rumo à necessária unidade da oposição síria." Mas o chanceler britânico, William Hague, disse que precisava saber mais sobre a nova oposição antes de oferecer um reconhecimento total. Ele afirmou, no entanto, que manteve "uma boa reunião" com a nova oposição síria na sexta-feira em Londres e disse que vai discutir nesta semana com o Parlamento britânico o grau de apoio a ser dado à coalizão. "Fiquei impressionado com seus objetivos, com sua clareza, com a amplitude do seu apoio, com sua determinação para serem inclusivos na Síria com todas as comunidades e grupos", disse Hague a jornalistas em Bruxelas. Os fatos recentes no Oriente Médio estão pondo em xeque a política externa da UE, que funcionou relativamente bem quando os Estados tiveram tempo de determinar posições comuns, ao intensificar sanções contra o Irã e a Síria ao longo do último ano, por exemplo. Mas o bloco tem demonstrado dificuldades para reagir com rapidez quando as circunstâncias exigem, caso da oposição alemã a uma intervenção militar em apoio à rebelião de 2011 na Líbia. A nota ministerial desta segunda-feira adota termos semelhantes ao usados na semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, para elogiar a formação de um bloco que agisse como "representante legítimo" do povo sírio. Obama tampouco reconheceu a Coalizão Nacional como um governo sírio no exílio. O conflito na Síria já matou estimadas 38 mil pessoas, e a França defendeu uma suspensão parcial do embargo armamentista ao país para que a oposição tenha mais condições de enfrentar as forças de Assad. Outros países da UE, no entanto, temem qualquer ação que possa agravar a violência, e mantêm sua posição em favor de uma solução política.

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