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União Europeia começa a vacinação em massa contra a covid-19

Alemanha, França, Luxemburgo, Bélgica, Espanha, Áustria, Itália e Bulgária dão início a processo neste domingo e na segunda; Irlanda começa ainda nesta semana

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Por Redação
Atualização:

A campanha de vacinação em massa contra a covid-19 começou neste domingo, 27, em diversos países da União Europeia. O bloco econômico já conta com doses para imunizar 450 milhões de habitantes em uma ação unificada.  Por causa do plano integrado para o continente, não apenas os países com maior poderio econômico, como Alemanha e França, dão início à administração das doses hoje mas também nações como Luxemburgo, Bélgica, Áustria, Espanha e Bulgária.

Brigitte Klausch, 88, recebe a vacina daPfizer/BioNTech contra a covid-19 em Grossraeschen, na Alemanha -27/12/2020 Foto: Sean Gallup/EFE

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A vacina utilizada para a campanha na União Europeia foi desenvolvida em parceria pela farmacêutica americana Pfizer com a alemã BioNTech. Antes do fim do ano, 12,5 milhões de doses estão previstas para chegarem aos países selecionados.

Nem todos os países iniciarão o processo ao mesmo tempo. A Irlanda deve começar a distribuir suas doses na quarta-feira, 30. Já na Holanda, a vacinação deve começar apenas no dia 8 de janeiro por conta de um problema de tecnologia para solucionar a logística de distribuição dos imunizantes.

Enquanto isso, Hungria e Alemanha já deram início ao processo neste sábado, 26, com a chegada de 4.875 doses em Budapeste e com a primeira vacinada da Alemanha, uma mulher de 101 anos em uma casa de repouso. Eslováquia, Sérvia e Suíça também já haviam dado a largada no continente.

Na Itália, que emergiu como o epicentro da pandemia no começo do ano, médicos e enfermeiras do hospital Spallanzani, em Roma, foram os primeiros a receber a vacina. "Estou aqui como cidadã, mas principalmente como enfermeira, para representar minha categoria e todos aqueles que escolheram acreditar na ciência", disse Claudia Alivernini, uma das primeiras italianas a receber a dose do imunizante. 

O hospital Spallanzani foi a unidade médica que tratou os dois primeiros pacientes com covid-19 no país europeu. "Hoje é um dia lindo e simbólico", disse Domenico Arcuri, comissário de emergência da Itália para coronavírus. "Todos os cidadãos europeus juntos estão começando a receber suas vacinas, o primeiro raio de luz depois de uma longa noite."

Arcuri também advertiu os italianos: "Devemos continuar a ser prudentes, cautelosos e responsáveis. Ainda temos uma longa estrada a frente, mas finalmente vemos um pouco de luz".

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Na Espanha, a primeira a ser vacinada foi Araceli Hidalgo, residente em uma casa de repouso de 96 anos. "Vamos ver se conseguimos todos nos comportar e fazer esse vírus ir embora", disse ela.

Na República Tcheca, o primeiro-ministro Andrej Babis foi vacinado ao vivo pela televisão, junto com um veterano da Segunda Guerra Mundial. "Não há nada com o que se preocupar", afirmou Babis sobre a vacina.  

Apesar do início da vacinação, houve descontentamento por parte da população europeia pelo fato de que a vacina, desenvolvida em parte na Alemanha, começou a ser administrada quase três semanas antes nos Estados Unidos e uma semana antes no Reino Unido, que formalizou o acordo para deixar a União Europeia recentemente, quatro anos e meio após a decisão de sair do bloco econômico.

"Simplesmente não há vacinas suficientes", disse Markus Söder, primeiro-ministro do estado alemão da Baviera, ao jornal Bild no domingo.

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As 200 milhões de doses da vacina Pfizer/BioNTech encomendadas pela União Europeia serão divididas igualmente entre cada um dos seus estados membros de acordo com o tamanho da população, o que significa que a Alemanha, com 18 por cento da população do bloco, receberia cerca de 36 milhões de doses - o suficiente para vacinar 18 milhões de pessoas, pouco mais de 20% de sua população. O país criou uma série de centros de vacinação em massa em arenas esportivas e centros de exposições.

O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, chamou o imunizante, que foi desenvolvido em tempo recorde, de uma “virada de jogo”. “Sabemos que hoje não é o fim da pandemia, mas é o início de uma vitória”, afirmou.

As doses da vacina, desenvolvida pela americana Pfizer e pela alemã BioNTech, começaram a chegar aos hospitais da UE na sexta-feira, vindas de uma fábrica na Bélgica. Cada país deve receber apenas uma fração do que precisa – menos de 10 mil nos primeiros lotes. Em janeiro, uma remessa maior deve estar disponível. 

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Ao todo, as 27 nações da UE registraram pelo menos 16 milhões de infecções por coronavírus e mais de 336 mil mortes – números assustadores, que os especialistas ainda dizem que podem ser maiores por causa da subnotificação e da testagem limitada.

As empresas farmacêuticas disseram que os prazos de entrega dependem de quando os pedidos foram feitos e, enquanto os Estados Unidos e o Reino Unido tenham feito os pedidos da vacina no início do verão, a União Europeia só finalizou o pedido em novembro, após meses de negociações.

Outros países pelo mundo já iniciaram a imunização de suas populações. Na América Latina, México, Chile e Costa Rica começaram suas campanhas e a Argentina deve dar início antes do fim do ano. No Oriente Médio, Arábia Saudita, Emirados Árabes, Israel, Bahrein, Qatar e Kuwait já começaram a imunizar seus habitantes. Rússia e China também estão vacinando suas populações com imunizantes desenvolvidos em seus respectivos territórios

Franceses temem reação adversa da vacina

 A França, o país que registrou a primeira morte pela doença no bloco, em 15 de fevereiro e onde há um questionamento sobre segurança das vacinas, o governo tem sido cauteloso em suas mensagens e está empenhado em mostrar que a imunização não será feita à força. No país, a campanha começou ontem em um lar de idosos em uma área pobre fora de Paris, mas não foi transmitida ao vivo pela TV, como ocorreu em outros lugares da Europa, e nenhum ministro estava presente.

“Não precisamos convencê-la. Ela disse: ‘Sim, estou pronta para qualquer coisa para evitar essa doença’”, disse Samir Tine, chefe de serviços geriátricos da casa de saúde Sevran onde foi aplicada a primeira injeção no país, em uma idosa de 78 anos.

Entre os políticos que receberam vacinas ontem, como uma forma de incentivar a população a aceitar a imunização, estava o ministro da Saúde da Bulgária, Kostadin Angelov. “Mal posso esperar para ver meu pai de 70 anos sem medo de que eu possa infectá-lo”, disse Angelov. O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, também foi imunizado. “É um grande dia para a ciência e para a União Europeia.”/ AP, AFP, NYT e WP

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