
25 de março de 2010 | 14h54
CIDADE DO VATICANO - O Vaticano respondeu às acusações de que teria encoberto casos de abusos de um padre americano contra 200 crianças alegando que a Igreja só tomou conhecimento dos escândalos 20 anos depois, após o jornal americano New York Times publicar nesta quinta-feira, 25, um texto sobre o assunto.
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O porta-voz do Vaticano Federico Lombardi disse em comunicado à imprensa que Lawrence Murphy, o padre envolvido nos abusos, infringiu a lei, mas que uma investigação civil das denúncias feitas contra ele em meados dos anos 1970 foi arquivada e que o Vaticano só tomou conhecimento das alegações 20 anos mais tarde.
"A questão canônica (relativa às leis da Igreja) apresentada à Congregação não guardava relação com quaisquer potenciais procedimentos civis ou criminais contra o padre Murphy", disse Lombardi. "Em casos como esses, o Código de Lei Canônica não prevê penalidades automáticas", completou.
O jornal americano obteve acesso a documentos que revelam que até o papa Bento XVI, quando então era conhecido como o bispo alemão Joseph Ratzinger, encobriu o caso de Murphy. O sacerdote nunca foi julgado ou sancionado pela Igreja e até a Polícia e os investigadores de justiça se omitiram perante as declarações das vítimas.
Segundo os documentos, os cardeais sabiam dos casos, mas consideraram como prioridade defender a imagem da Igreja e não se manifestaram contra Murphy por questões de saúde. "Só quero viver o tempo que me resta na dignidade do meu sacerdócio", afirmava o padre na carta que enviou Ratzinger, já perto de sua morte, que aconteceu em 1998. "Solicito sua bondosa ajuda neste assunto", acrescentava.
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