
04 de novembro de 2011 | 12h20
O fechamento abalou ainda mais as relações entre a Irlanda e o Vaticano -- que foram aliados firmes no passado -- depois do conflito no começo do ano sobre a maneira com que a Igreja da Irlanda lidou com casos de abuso sexual e acusações de que o Vaticano encorajou que fosse mantido segredo.
A Irlanda agora será o único grande país da antiga tradição Católica sem uma embaixada no Vaticano.
"Isto é muito ruim para o Vaticano porque a Irlanda é o primeiro grande país católico a fazer isso e por causa da importância do catolicismo na história irlandesa", disse uma fonte diplomática do Vaticano, que não quis ser identificada.
A fonte afirmou que a Irlanda informou o Vaticano pouco antes de o anúncio oficial ser feito, na noite de quinta-feira.
O Ministério de Relações Exteriores da Irlanda disse que a embaixada foi fechada porque "não traz retorno econômico" e que as relações continuariam com um embaixador em Dublin.
Segundo a fonte, o Vaticano ficou "extremamente irritado" com o fato de o anúncio relacionar missões diplomáticas com retorno econômico, particularmente porque o Vaticano vê seu papel diplomático como o de promoção de valores humanos.
Diplomatas disseram que a decisão irlandesa pode influenciar outros a fazer o mesmo para economizar dinheiro, já que a presença diplomática dupla em Roma é cara.
Em julho, o Vaticano tomou a decisão muito rara de chamar de volta seu embaixador na Irlanda depois que o primeiro-ministro, Enda Kenny, acusou a Santa Sé de obstruir as investigações de abuso sexual por padres.
O Parlamento irlandês aprovou uma moção lamentando o papel do Vaticano em "minar as estruturas de proteção infantil" depois da publicação de um relatório sobre a Diocese de Cloyne.
O relatório Cloyne afirmava que clérigos irlandeses esconderam das autoridades o abuso sexual de crianças por padres, alguns recentes até 2009, depois que o Vaticano menosprezou as diretrizes irlandesas de proteção infantil em uma carta a bispos da Irlanda.
Embora o chanceler irlandês, Eamon Gilmore, tenha negado que o fechamento da embaixada estivesse ligado ao conflito sobre abuso sexual, diplomatas baseados em Roma disseram acreditar que isso provavelmente teve grande influência na decisão.
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