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Vaticano vê vazamentos como ataque pessoal contra o papa

Terceiro homem na hierarquia vaticana considerou 'criminosa' a publicação de documentos furtados

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CIDADE DO VATICANO - O Vaticano qualificou nesta terça-feira, 29, o vazamento de documentos furtados da Santa Sé como um ataque pessoal "brutal" contra o papa Bento 16, enquanto um poderoso grupo de cardeais caça mais culpados pela crise, a maior do atual pontificado.

Veja também:link Católicos temem que escândalo no Vaticano prejudique a Igrejalink Vaticano diz que escândalo abala confiança na Igrejalink Cardeal está entre suspeitos de vazamento no VaticanoEm entrevista ao L'Osservatore Romano, jornal oficial do Vaticano, o subsecretário de Estado Angelo Becciu, terceiro homem na hierarquia vaticana, considerou "criminosa" a publicação de documentos furtados num recente livro do jornalista italiano Gianluigi Nuzzi. Foi a primeira vez que o jornal mencionou a prisão do mordomo particular do papa, ocorrida há quase uma semana, refletindo a fúria da Santa Sé com o caso. O jornal disse que o mordomo Paolo Gabriele, de 46 anos, estava de posse de "um grande número" de documentos privados do pontífice. "O ato a que ele (papa) foi submetido é brutal", disse Becciu. "Bento 16 viu a publicação de documentos furtados da sua casa." O escândalo estourou na semana passada, quando, no intervalo de poucos dias, o presidente do banco oficial do Vaticano foi demitido repentinamente, o mordomo foi preso, e Nuzzi lançou um livro relatando conspirações entre cardeais. No sábado, Gabriele foi indiciado por furto qualificado, mas fontes envolvidas nos vazamentos disseram à imprensa italiana que o mordomo foi um mero bode expiatório, escolhido para ser punido no lugar de cardeais interessados nos vazamentos. Uma comissão cardinalícia está investigando o escândalo, e o Vaticano disse que ela "pode decidir ouvir qualquer um que eles acharem que tenha informações sobre esse caso". "Posso confirmar que várias pessoas foram ouvidas ou interrogadas, e naturalmente isso é algo que pode continuar, porque ainda estamos na fase investigativa", disse o padre Federico Lombardi, porta-voz da Santa Sé. Ele negou que haja cardeais suspeitos de envolvimento no escândalo. Lombardi disse que o material apreendido com Gabriele provavelmente inclui textos impressos e em formato eletrônico. "(O vazamento) tocou o papa muito de perto e criou uma situação de dor. Naturalmente ele deseja conhecer a verdade e a correta interpretação desses fatos", afirmou o porta-voz.

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