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Villepin pode pegar 18 meses de prisão na França

Ex-ministro é acusado de orquestrar esquema de investigações para minar campanha presidencial de Sarkozy

Por Efe e Reuters
Atualização:

O Ministério Público de Paris pediu nesta terça-feira, 20, uma pena de 18 meses de prisão isenta de cumprimento ao ex-primeiro-ministro francês Dominique de Villepin, devido à cumplicidade na elaboração de listas falsas de beneficiados de comissões ilegais, no conhecido como "caso Clearstream".

 

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O Ministério Público solicitou também que seja imposta ao ex-chefe de Governo uma multa de 45 mil euros (mais de R$ 100 mil). Também foram pedidas penas de prisão ao ex-dirigente da EADS Jean-Louis Gergorin e ao profissional de informática Imad Lahoud, aos que considera como cérebros da trama. A corte ainda não estabeleceu uma data para dar o veredicto oficialmente.

 

Villepin é acusado de tentar forjar documentos usados em investigações cujo objetivo era desacreditar o atual presidente francês, Nicolas Sarkozy, quando ainda era ministro do governo e candidato às eleições de 2007.

 

Sarkozy alega que a campanha pretendia minar sua campanha presidencial. Villepin, também ministro na época, negou as acusações de que orquestrou o caso.

 

Vítima

 

Logo após o pedido do Ministério Público, o ex-primeiro-ministro responsabilizou Sarkozy de estar por trás do mesmo e acusou o procurador de não ter "seguido a verdade dos fatos". "Nicolas Sarkozy prometeu me pendurar em um gancho de açougueiro. Vejo que cumpriu sua promessa", afirmou Villepin, que, no início do julgamento, se considerou vítima do presidente.

 

O Ministério Público não seguiu os instrutores ao considerar Villepin como o instigador das listas falsas de beneficiados do recebimento de comissões ilegais, entre eles Sarkozy, com quem na época o acusado mantinha uma rivalidade política por ser o candidato conservador às presidenciais de 2007.

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Para Marin, não há provas "tangíveis" do envolvimento "consciente e deliberado" de Villepin no caso, mas o procurador reconheceu que persistem "dúvidas" sobre sua atuação. O representante da acusação pública disse que, durante o julgamento, ficou provado que o ex-primeiro-ministro sabia em meados de 2004 que as listas do caso Clearstream eram falsas, mas manteve "silêncio", o que o torna "cúmplice" da trama.

 

Essa trama foi montada, segundo o procurador, por Gergorin, para quem pediu a pena mais dura, de um ano e meio de prisão firme e o mesmo período isento de cumprimento, além de uma multa de 45 mil euros.

 

Descrito como um "brilhante estrategista", o ex-alto dirigente teve "um papel de motor" na denúncia caluniosa e disse que seu objetivo era se livrar de Philippe Delmas, seu rival dentro do consórcio aeronáutico e de defesa EADS.

 

Para montar o caso, segundo o Ministério Público, Gergorin contou com a colaboração de Lahoud, o que transforma este em "cúmplice interessado e mal-intencionado", por isso pediu para o segundo a pena de um ano e meio de prisão firme e outros seis meses isentos de cumprimento, além de 45 mil euros de multa.

 

O Ministério Público pediu penas menores para os outros dois acusados: quatro meses isentos de cumprimento ao editor Florian Bourges e a absolvição para o jornalista Denis Robert, envolvidos pela acusação de terem roubado as listas. Nos próximos dias, sairão os pedidos da defesa dos acusados, e na sexta-feira o julgamento deve ficar pronto para sentença.

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