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Voluntários na Rússia simulam caminhada em Marte

Por ALISSA DE CARBONNEL
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Os tripulantes de uma missão internacional simulada "pousaram em Marte" na segunda-feira, marcando a metade de uma ambiciosa experiência com um ano e meio de isolamento. Seis astronautas - da Europa, China e Rússia - estão vivendo durante 520 dias em um módulo de 160 metros quadrados nos arredores de Moscou, simulando uma nave espacial. Dois deles saíram de lá pela primeira vez após oito meses de "viagem". A missão Mars500 é o primeiro teste com a duração completa de uma viagem a Marte, e seu objetivo é avaliar a carga física e mental dessa jornada. O centro de controle da missão, que monitora voos espaciais reais, exibiu imagens ao vivo do russo Alexander Smoleyevsky e do ítalo-colombiano Diego Urbina carregando os trajes espaciais de 32 quilos por um cômodo escuro, cheio de areia e rochas, construído para imitar a superfície marciana. Os cientistas da Agência Espacial Europeia e do instituto de problemas biomédicos de Moscou, responsáveis pela experiência, admitem que ela não é capaz de avaliar todos os riscos de viagens reais a Marte, como a radiação solar e a ausência de gravidade. Mas os encarregados rejeitam as comparações com o programa de TV Big Brother. "Há um risco real. Você consegue suportar estar com alguém que não gosta por um par de meses, mas para uma missão tão longa a tripulação precisa ser gente muito sociável." Ele alertou que após a euforia do "pouso" em Marte, a longa viagem de volta - mais 240 dias - será o período mais duro de toda a experiência. Os voluntários do programa Mars500 - todos homens - têm de 28 a 38 anos, e entre eles há um astronauta e um engenheiro civil. Só não há câmeras no banheiro. Vídeos colocados no blog do projeto mostram os rapazes comendo uma espécie de mingau congelado, cheios de eletrodos durante a hora da ginástica e do cochilo, e jogando Wii ou brincando de karaokê para espantar o tédio. Como numa missão espacial real, os tripulantes consomem rações alimentares especiais, tomam banho de chuveiro a cada dez dias e sofrem um atraso proposital nos seus contatos com o exterior, eventualmente interrompidos para que o grupo tenha de se virar sozinho. Os cientistas chegaram a cortar a energia do módulo durante 24 horas para ver como os tripulantes lidariam com uma crise. "Estou realmente convencido (...) de que será um grande patrimônio para futuras empreitadas do homem na sua ambição de voar ao planeta vermelho", disse Martin Zell, diretor do programa científico da ESA na Estação Espacial Internacional. A ESA, a Roskosmos (agência espacial russa) e a Nasa já delinearam separadamente algumas datas para voos tripulados reais a Marte, dentro de cerca de 30 anos.

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