Yulia Tymoshenko inicia greve de fome por 'fraude' em eleição na Ucrânia

Partido do presidente Viktor Yanukovich teria ganho mais da metade dos assentos da assembleia

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KIEV - A ex-primeira ministra da Ucrânia Yulia Tymoshenko, que está presa, começou uma greve de fome nesta segunda-feira, 29, para protestar contra uma suposta fraude eleitoral em favor do partido do presidente Viktor Yanukovich em uma eleição no fim de semana, disse o advogado dela. Pesquisas de boca de urna e resultados parciais da votação do domingo mostraram a vitória de mais da metade dos assentos da assembleia para o Partido das Regiões, de Yanukovich, com a ajuda de aliados de longa data. A assembleia é composta por 450 membros. O bloco da oposição unificada, que inclui o partido Batkivshchyna, de Tymoshenko, veio em segundo, com cerca de 100 assentos, de acordo com as estimativas preliminares. Tymoshenko, no entanto, havia advertido antes da eleição que a vitória do Partido das Regiões levaria a uma "ditadura" e não aceita os números, disse o advogado dela, Serhiy Vlasenko. "Yulia Volodymyrovna (Tymoshenko) entrou em greve de fome em protesto contra fraude eleitoral", disse Vlasenko por telefone, na cidade de Kharkiv, onde Tymoshenko recebe tratamento para um problema nas costas em um hospital dirigido pelo Estado. "Essa não foi uma eleição, foi uma fraude eleitoral total." Em outubro passado, uma corte condenou Tymoshenko, de 51 anos, a sete anos de prisão, decidindo que ela havia abusado do poder enquanto primeira-ministra, quando forçou a aprovação de um acordo sobre gás com a Rússia em 2009. Ela negou qualquer irregularidade. A União Europeia e os Estados Unidos condenaram a prisão dela, dizendo que a medida era um exemplo de justiça seletiva. Bruxelas engavetou acordos históricos sobre livre comércio e associação política com Kiev por causa da questão. As acusações de fraude eleitoral feitas por Tymoshenko nesta segunda-feira contrastaram com a manifestação de outros políticos de oposição, incluindo do próprio bloco dela, que foram reservados no julgamento. Observadores ocidentais, que classificaram a eleição como um passo para trás para a Ucrânia, criticaram o mau uso dos recursos administrativos, a cobertura enviesada da mídia e as finanças de campanha pouco transparentes, mas não a votação nem o processo de apuração.

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